Meio Ambiente

Volkswagen aceita pagar até US$ 14,7 bi pelo escândalo por motores a diesel

Grupo alemão se comprometeu a respeitar os compromissos e afirmou que o acordo marca um "importante primeiro passo"

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Publicado em 28/06/2016 às 17:37
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Grupo alemão se comprometeu a respeitar os compromissos e afirmou que o acordo marca um "importante primeiro passo" - FOTO: Foto: AFP
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A Volkswagen aceitou pagar até 14,7 bilhões de dólares nos Estados Unidos para pôr fim aos litígios judiciais gerados pelo escândalo de seus motores a diesel, que fez cair suas vendas e prejudicou sua imagem.

Negociado sigilosamente com as autoridades americanas durante dois meses, esse acordo ainda deverá ser aprovado pela Justiça local, mas lança o valor da conta entregue ao gigante automobilístico alemão.

"Esse compromisso parcial marca uma importante primeira etapa para que a Volkswagen pague pela violação de suas obrigações legais e da confiança do público", mencionou Sally Yates, funcionária do Departamento americano de Justiça.

Por esse plano, os proprietários de cerca de 480.000 veículos da Volkswagen com motor a diesel terão a possibilidade de revender esses automóveis à empresa, ou de fazê-la consertá-los integralmente.

Em qualquer uma das hipóteses, cada proprietário poderá receber indenizações em espécie que podem chegar a 10.000 dólares.

O valor desses veículos recomprados seria os de setembro do ano passado, antes do escândalo iniciado nos Estados Unidos e que se estendeu para outros países.

Contabilizando-se apenas as indenizações, o valor chegaria a 10,03 bilhões de dólares.

Além disso, a Volkswagen deverá desembolsar mais 2,7 bilhões de dólares para "remediar integralmente" as emissões de gases poluentes de seus automóveis nos Estados Unidos.

Separadamente, o grupo automotivo busca um acordo por 603 milhões de dólares com 44 estados americanos e com o Distrito de Colúmbia (onde fica Washington) e Porto Rico.

De acordo com autoridades americanas, os motores a diesel da Volkswagen emitem 40 vezes mais gases poluentes do que os níveis autorizados. O software instalado nessas unidades falsificava os resultados da medição de emissões.

"O compromisso anunciado restabelece as proteções que a Volkswagen violou de forma flagrante", disse em coletiva de imprensa Gina McCarthy, da Agência federal de Proteção ao Meio Ambiente (EPA).

A multinacional alemã (que engloba marcas como Audi, Volkswagen e Porsche) também se compromete a contribuir com cerca de 2 bilhões de dólares a fundos de promoção de automóveis com emissão zero.

Esse compromisso ainda deverá ser submetido à aprovação da Justiça americana em 26 de julho, indicou um porta-voz da Volkswagen nos Estados Unidos.

Esse deve ser um dos maiores acordos alcançados por uma empresa nos Estados Unidos, depois do entendimento por 246 bilhões de dólares concluído em 1998 pela indústria de cigarro e do acordo por mais de 20 bilhões com o BP.

Primeiro passo

Em um comunicado, o grupo alemão se comprometeu a respeitar os compromissos e afirmou que o acordo marca um "importante primeiro passo".

"Sabemos que ainda temos muito trabalho por fazer para recuperar a confiança do público americano", admitiu o titular do grupo, Matthias Müller.

Nesse sentido, a analista Jessica Caldwell estima que a VW "ainda tem um longo caminho pela frente para reparar sua reputação".

As preocupações judiciais da Volkswagen ainda não chegaram ao fim nos Estados Unidos.

O grupo está prestes a ser objeto de uma investigação penal e deverá responder pela fraude de motores em aproximadamente 100.000 veículos de três litros de cilindrada. Estes últimos não estão incluídos no compromisso desta terça-feira.

A VW admitiu ter utilizado um software para falsificar resultados das emissões em aproximadamente 11 milhões de seus automóveis a diesel e enfrenta uma enxurrada de processos em vários lugares do mundo, especialmente na Europa.

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