FRANÇA

Atentado na Riviera francesa é mais um baque para o turismo

Responsável por 7% do PIB da França, o setor turístico já não anda bem das pernas

JC Online
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Publicado em 15/07/2016 às 10:39
Foto: VALERY HACHE / AFP
FRANÇA turismo - FOTO: Foto: VALERY HACHE / AFP
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Ao tomar como alvo um cartão postal da Riviera Francesa, que costuma atrair turistas abastados do mundo inteiro, o atentado de Nice atingiu em cheio o turismo do país, que ainda está se recuperando dos ataques de 2015, em Paris.

O local do ataque é um dos mais emblemáticos: o Passeio dos Ingleses, avenida da orla de Nice com vista privilegiada sobre o Mediterrâneo. O mar é tão cristalino que justifica plenamente o nome de Costa Azul.

Tanto que Nice é a cidade que recebe o maior número de turistas, depois de Paris.

A data também é simbólica: o dia 14 de julho, feriado nacional que celebra da Queda da Bastilha, com os tradicionais fogos de artifício.

Foi justamente logo depois da queima de fogos que o caminhão saiu atropelando a multidão, deixando 84 mortos e dezenas de feridos.

Para Georges Panayotis, presidente da consultoria MKG, o fato da França ter sido alvo de repetidos atentados nos últimos meses pode afetar uma das principais fontes de renda do país.

"Não se trata mais de um terrorismo clássico, quando bastavam alguns meses para que a atividade econômica volte a funcionar", aponta o especialista.

A repetição de atentados no país em janeiro, novembro e julho "pode desestimular turistas por um bom tempo", prevê Panayotis.

Cancelamentos em massa

"Já registramos cancelamentos em massa desde ontem a noite", revela à AFP Denis Cippoloni, presidente dos hoteleiros de Nice, ressaltando que é complicado fazer um balanço da situação no momento.

Até porque, antes de fazer as contas, o setor tem como prioridade absoluta fornecer todo o apoio possível aos familiares das vítimas.

A agência de viagem alemã TUI já ofereceu aos clientes de adiar o cancelar gratuitamente reservas para Nice até o dia 31 de julho.

Muitos eventos culturais já foram cancelados, como o show da diva pop Rihanna, marcada para esta sexta-feira, ou um festival de jazz que deveria começar neste sábado.

O impacto financeiro promete ser brutal na região, que costuma receber turistas com forte poder aquisitivo nos hotéis de luxo, mansões ou até iates suntuosos.

Responsável por 7% do PIB da França, o setor, que mantém dois milhões de empregos diretos ou indiretos, já não anda bem das pernas.

Na quarta-feira, no primeiro "comitê de emergência econômica" dedicado especificamente ao turismo, o ministro das Relações Exteriores Jean-Marc Ayrault pediu uma "mobilização geral" para que a França "continue sendo o primeiro destino turístico do mundo".

Paris vinha registrando uma baixa de 11% das chegadas de turistas em voos regulares desde janeiro, mas outra regiões recebiam em média 1% de visitantes a mais, uma alta que chegou a 11% nos dez primeiros dias de julho.

Ministério de Relações Exteriores tinha observado no início da semana um aumento das reservas de última hora desde outros países europeus, justificado, em outros motivos, pelo êxito da organização da Eurocopa, de 10 de junho a 10 de julho.

Ainda é cedo para avaliar tamanho real do prejuízo para o turismo francês, mas os setores do turismo e do transportes sofreram quedas na Bolsa de valores de Paris, com as ações de grupos como o gigante hoteleiro AccorHotels ou a locadora de carros Europcar despencando em 4%.

 

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