Dezenas de milhares de militares sul-coreanos e americanos iniciaram nesta segunda-feira (22) manobras que simulam um ataque norte-coreano, e Pyongyang respondeu com ameaças de bombardeio nuclear preventivo.
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Estas manobras anuais, batizadas de Ulchi Freedom, são essencialmente uma simulação em computador, mas mobilizam 50.000 sul-coreanos e 30.000 americanos.
Todos os anos, provocam um aumento da inquietação na península, e ela é ainda maior neste ano, num momento de forte tensão intercoreana.
Depois de vários meses de lançamentos de mísseis pelos norte-coreanos, após um quarto teste nuclear de Pyongyang em janeiro, certos especialistas consideram que as relações intercoreanas estão em sua pior fase desde a década de setenta.
O nervosismo amentou com uma recente onda de deserções no Norte, a mais emblemática anunciada na semana passada do número dois da embaixada norte-coreana na Grã-Bretanha.
A presidente sul-coreana, Park Geun-hye, advertiu contra o risco de reações norte-coreanas depois destas baixas.
"É muito possível que a Coreia do Norte cometa atentados e provocações (...) para impedir toda agitação interna, dissuadir de qualquer outra deserção e semear a desordem em nossa sociedade", declarou Park em uma reunião de seu gabinete.
- 'Monte de cinzas' -
Park disse que o exército sul-coreano está em estado de alerta e "responderá vigorosamente" a qualquer ação hostil.
As manobras Ulchi Freedom contemplam um cenário completo de invasão norte-coreana.
Washington e Seul afirmam que seu objetivo é puramente defensivo. Pyongyang as considera uma provocação.
Em um comunicado, o Exército Popular Coreano (KPA) indicou que as unidades mobilizadas na fronteira estão "completamente prontas para lançar bombardeios preventivos de represálias contra as forças ofensivas inimigas envolvidas".
A menor violação da soberania territorial norte-coreana durante estas manobras fará com que a fonte da provocação seja reduzida a "um monte de cinzas por um bombardeio nuclear preventivo", acrescentou um porta-voz do KPA.
O ministério sul-coreano da Unificação criticou o tom agressivo do comunicado e exigiu do Norte que "evite qualquer provocação".
Pyongyang faz com frequência este tipo de ameaças, mas os especialistas consideram que o risco de erro ou de incidente involuntário - que pode ter consequências militares dramáticas - é mais alto diante do fechamento nos últimos meses de todos os canais de comunicação intercoreana.
Pyongyang cortou no início do ano as duas linhas de comunicação que existiam com o Sul, que estavam dedicadas ao exército e ao governo.
Depois, fechou em julho seu último canal direto com Washington ao cessar todos os seus contatos com o governo americano passando pela missão norte-coreana ante a ONU.