A equipe de transição de Donald Trump foi convidada a participar das negociações de paz apoiadas pela Rússia sobre a Síria, apresentando um espinhoso primeiro dilema de política externa para o novo governo americano.
"Nós fomos convidados a comparecer", disse o porta-voz de Trump, Sean Spicer, à AFP neste sábado (14), sugerindo que o presidente eleito ainda não havia confirmado sua presença nas negociações.
As negociações organizadas por Rússia e Turquia acontecerão no Cazaquistão no final deste mês, três dias após a posse de Trump.
A presença da equipe do novo presidente seria um forte sinal da determinação de Trump em melhorar as relações dos Estados Unidos com a Rússia.
O presidente eleito enfrenta, porém, uma oposição crescente a tal reaproximação dentro do próprio Partido Republicano, em meio a alegações de que uma campanha de ciberataques ordenada por Moscou tentou favorecê-lo na eleição.
A Inteligência americana afirmou que Moscou interveio em favor de Trump, mas não avaliou se essa ação determinou o resultado das urnas.
A participação dos Estados Unidos nas negociações da Síria seria um grande golpe diplomático para Moscou, consolidando seu papel como principal potência no conflito.
Esforços anteriores para acabar com a sangrenta guerra civil na Síria foram liderados pelos Estados Unidos e ocorreram com o apoio das Nações Unidas.
A campanha de bombardeios aéreos da Rússia na Síria transformou decisivamente a guerra civil em favor de Bashar al-Assad, mas também levou à morte indiscriminada de civis e a alegações de participação russa em crimes de guerra.
O senador republicano John McCain disse que a aproximação com a Rússia é "inaceitável", e que significaria "cumplicidade com Putin e Assad no massacre do povo sírio".