França

Novas revelações complicam ainda mais candidato da direita francesa

François Fillo é suspeito de empregar sua esposa em um cargo fantasma. Suspeitas prejudicam desempenho de Fillon nas pesquisas eleitorais

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Publicado em 02/02/2017 às 12:20
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François Fillo é suspeito de empregar sua esposa em um cargo fantasma. Suspeitas prejudicam desempenho de Fillon nas pesquisas eleitorais - FOTO: ERIC PIERMONT / AFP
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O candidato conservador à Presidência da França, François Fillon, suspeito de empregar sua esposa, em um cargo fantasma, disse estar determinado a continuar com sua campanha, apesar das divisões crescentes da direita, alimentadas a cada dia por novas revelações.

A esposa do candidato, Penelope Fillon, afirmou que "nunca foi assistente" de seu marido, em uma entrevista de 2007 que o canal francês France 2 recuperou e exibirá nesta quinta-feira.

Em trechos que serão exibidos no programa de investigação "Envoyé spécial", Penelope diz ainda que "não se ocupa tampouco da comunicação" de Fillon, segundo Elise Lucet, apresentadora do programa.

"Penelope Fillon diz várias coisas interessantes nesta entrevista, entre elas uma que nos chamou a atenção: 'Nunca fui assistente do meu marido'", disse Lucet à AFP. 

Outros veículos, como o jornal Le Monde e o site Mediapart, também têm divulgado informações sobre as atividades lucrativas como consultor de Fillon, que criou uma sociedade "2F" em 2012, pouco antes de se tornar deputado de Paris.

"Os acontecimentos e fatos se acumulam a cada dia" e "isso lança dúvidas", resume o deputado Philippe Gosselin que tenta convencer o prefeito de Bordeaux, Alain Juppé, derrotado no segundo turno das primárias da direita em novembro, de voltar à disputa pela presidência.

Filllon, ex-primeiro-ministro de Nicolas Sarkoy (2007-2012), decidiu ir "até o fim" de sua campanha presidencial e programou duas visitas nesta quinta-feira no noroeste da França.

O candidato, cuja popularidade está caindo à medida que os dias passam, denunciou na quarta-feira um "golpe de Estado constitucional" da "esquerda" governante contra sua candidatura.

Mas dentro do seu próprio campo, muitos se questionam abertamente sobre a possibilidade de um outro candidato para brigar pela presidência.

"Somos um pouco como a orquestra do Titanic, estamos afundando", declarou nesta quinta o deputado Georges Fenech. "O resultado das primárias (da direita) caducou frente a esse acontecimento imprevisível", acrescentou, considerando uma situação "muito comprometida".

Eliminado no 1º turno

Segundo uma pesquisa publicada nesta quinta-feira, 58% dos partidários do partido de direita Les Républicains (Os Republicanos) acreditam na vitória de seu candidato. Mas os simpatizantes da direita e do centro, um eleitorado mais amplo, estão divididos: apenas 50% concordam com sua candidatura. E quase sete em cada dez franceses (69%) desejam que outra personalidade substitua François Fillon, de acordo com esta pesquisa.

O candidato da direita, que até algumas semanas atrás era o favorito às presidenciais francesas, está em queda livre nas pesquisas.

Segundo uma pesquisa do instituto Elable, publicada nesta quarta-feira, Fillon seria eliminado no primeiro turno das eleições de abril, superado pela líder da extrema direita, Marine Le Pen (27%), e pelo ex-ministro da Economia, Emmanuel Macron (23%).

Visada igualmente por suspeitas de emprego fictício envolvendo uma assistente paga pelo Parlamento Europeu para desempenhar outras tarefas, Marine Le Pen afirmou nesta quinta que permanecerá como candidata custe o que custar.

Sobre o casal Fillon, a Justiça francesa abriu uma investigação preliminar depois que a imprensa revelou que a esposa do até há pouco favorito à presidência recebeu mais de 800.000 euros como assistente parlamentar de seu marido e depois de seu suplente entre 1988 e 2013.

Os investigadores tentam determinar se a esposa do ex-primeiro-ministro, que sempre se apresentou como uma dona de casa, trabalhou efetivamente como sua assistente durante o tempo em que recebeu um salário ou se era um emprego fictício.

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