Venezuela

Maduro deixa militares em alerta após denunciar ataque de helicóptero

A Força Armada venezuelana foi colocada em alerta pelo presidente Nicolás Maduro depois que ele denunciou um "ataque terrorista".

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Publicado em 28/06/2017 às 12:36
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A Força Armada venezuelana foi colocada em alerta pelo presidente Nicolás Maduro depois que ele denunciou um "ataque terrorista". - FOTO: Foto: Arquivos/AFP
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O governo venezuelano defendeu nesta quarta-feira sua tese de uma tentativa de golpe de Estado depois de denunciar que o Supremo Tribunal foi atacado com granadas por um helicóptero, um episódio curioso que gerou suspeitas entre opositores e analistas.

Ao criticar o silêncio de muitos países diante do suposto complô, o chanceler Samuel Moncada disse ter ordenado a seus embaixadores que informem sobre o "ataque terrorista a todas as chancelarias do mundo".

"Estão protegendo os autores do fato com sua cumplicidade e ignorância fingida", assinalou Moncada em coletiva de imprensa, em claro questionamento a Estados Unidos, México e União Europeia. Agradeceu, em compensação, a solidariedade de Bolívia, Cuba, Equador e Turquia.

Em função do ocorrido, a Força Armada venezuelana foi colocada em alerta pelo presidente Nicolás Maduro.

A situação é uma nova escalada da violência que deixou 76 mortos em quase três meses de protestos da oposição.

Na terça-feira (27), vídeos e fotos postados nas redes sociais mostravam um helicóptero da Polícia Científica (CICPC) sobrevoando edifícios de Caracas.

Ao longe, eram ouvidas detonações. Não é possível observar, porém, se artefatos explosivos haviam sido lançados da aeronave, ou se foram tiros. Segundo o governo, tratou-se de um Airbus Bolkow modelo 105.

Também foram divulgadas fotos do helicóptero com uma faixa que dizia "350 Liberdade", uma referência ao artigo constitucional invocado pela oposição para uma desobediência civil ao governo de Maduro.

Nas imagens, vê-se dois tripulantes. O que seria o piloto, de acordo com o governo, veste uniforme militar, e outro, está de capuz.

A imprensa também divulgou um vídeo do piloto. Segundo o governo, ele se chama Óscar Pérez, tem 36 anos e roubou o helicóptero. Ele é inspetor aeronáutico da polícia científica CICPC e ator amador, que protagonizou um thriller em 2015 com o apoio da instituição.

"Somos uma coalizão entre funcionários militares, policiais e civis (...) contra este governo transitório e criminoso", afirmava o homem no vídeo, ao lado de quatro homens encapuzados, dois deles armados.

Ele exige, ainda, a renúncia de Maduro à Presidência e a convocação de eleições gerais.

'Escalada golpista'

O governo afirmou que, do helicóptero, foram feitos 15 disparos contra a sede do Ministério do Interior, no centro de Caracas. Não houve registro de vítimas.

Maduro denunciou o ato como um "ataque terrorista" e disse que é parte de uma "escalada golpista". Ele citou a "ofensiva insurrecional de fatores extremistas da direita" - uma das maneiras como costuma se referir à oposição.

"A Força Armada toda foi ativada para defender a tranquilidade. Mais cedo, ou mais tarde, vamos capturar o helicóptero e os que realizaram este ataque terrorista", destacou o presidente.

Os militares, que receberam grande poder político e econômico no governo Maduro, juraram "lealdade incondicional".

Maduro afirmou que o piloto do helicóptero trabalhou para seu ex-ministro do Interior e da Justiça Miguel Rodríguez Torres, general da reserva que se distanciou do governo e foi vinculado pelo presidente ao suposto complô.

Na terça-feira (27), antes da denúncia do helicóptero, Rodríguez Torres, que foi diretor de Inteligência do falecido presidente Hugo Chávez (1999-2013), chamou de "sandices" as acusações de Maduro, que o denunciou como um agente a serviço da CIA e de trabalhar por uma intervenção militar dos Estados Unidos.

"Os golpes são dados pelos militares na ativa. Sou general reformado há três anos, e militares reformados não dão golpes", descartou Rodríguez Torres, em entrevista coletiva.

O presidente também enfrenta uma ofensiva da procuradora-geral, Luisa Ortega, chavista histórica, que nesta quarta denunciou que Maduro impôs um "terrorismo de Estado" por meio do máximo tribunal de justiça e pelos militares.

"Aqui parece que todo o país é terrorista [...] E eu acredito que temos um terrorismo de Estado, onde se perdeu o direito de se manifestar, onde as manifestações são reprimidas cruelmente, onde julgam civis na Justiça militar", afirmou Ortega.

Em uma declaração à imprensa, a procuradora reiterou que a Venezuela se mantém "na presença da ruptura da ordem constitucional, continua violando a Constituição e segue desmantelando o Estado".

A declaração sobre a defesa armada da revolução TAMBÉM foi condenada pelos opositores.

A coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) examinará a denúncia nesta quarta, sem descartar que tudo não passe de uma trama do governo.

"Vamos analisar tudo o que aconteceu (...) Há pessoas que dizem que é uma armadilha, há pessoas que dizem que é uma questão real, há pessoas que dizem que os oficiais de Polícia estão realmente fartos. Seja o que for, é gravíssimo. Tudo aponta para o mesmo lugar: a situação é insustentável na Venezuela", afirmou o presidente do Parlamento, Julio Borges.

Na véspera, Borges denunciou o cerco de militantes chavistas ao Legislativo, o que obrigou vários deputados a permanecerem até tarde no Parlamento, dominado pela oposição.

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