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Trump celebra recuperação econômica, mas incertezas continuam

O presidente americano tem tido bons resultados na Bolsa de Valores desde sua eleição

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Publicado em 07/07/2017 às 16:40
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O presidente americano tem tido bons resultados na Bolsa de Valores desde sua eleição - FOTO: Foto: AFP
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O presidente americano, Donald Trump, continua a reforçar sua confiança na recuperação da economia dos Estados Unidos, mas os índices andam em marcha lenta, e o caminho à frente parece nebuloso. 

"O mercado de ações está sempre em alta, desemprego no nível mais baixo em anos (os salários vão começar a subir) e a nossa base nunca esteve mais forte!", tuitou nesta semana o confiante presidente americano.

"Números ótimos de empregos e na economia! As coisas estão começando a despontar, e nós acabamos de começar!", publicou Trump na rede social na segunda-feira (3).

O presidente americano tem tido, de fato, bons resultados na Bolsa de Valores desde sua eleição. Os investidores comemoraram o novo ocupante da Casa Branca.

O índice industrial Dow Jones teve alta de 17,2% desde as eleições, em novembro passado, enquanto o S&P 500 subiu 13,7%, e o tecnológico Nasdaq avançou 18,4%.

As ações bancárias dispararam diante das promessas de que as regulações do setor, estabelecidas durante a crise econômica mundial de 2008, seriam flexibilizadas. 

A taxa de desemprego está em apenas 4,3%, e o déficit comercial também vem caindo.

Mesmo assim, analistas dizem que Trump se beneficia de iniciativas da administração de seu antecessor, Barack Obama - sobretudo, as taxas de emprego, cujas bases foram criadas pelo democrata.

Especialistas também indicam que Trump não tem expressividade em termos de políticas, já que suas divulgadas reformas tributária e de gastos com infraestrutura ainda não saíram do papel.

Ao mesmo tempo, a prometida reforma do setor de saúde, que prevê um generoso corte de impostos para as classes mais ricas da sociedade americana, está lutando para ser aprovada no Senado - onde os republicanos são maioria.

"Eu diria que isso ainda é a recuperação de Obama. A substância não foi alterada, mas os mercados claramente estão de olho no que pode mudar", disse Joseph E. Gagnon, do Peterson Institute for International Economics.

Redução da expectativa de crescimento

Trump assumiu o cargo depois de fazer duras críticas à política econômica de Obama, alegando que muitas pessoas foram deixadas de fora da recuperação. Ele prometeu acelerar o crescimento a 4%.

Recentemente, porém, o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu sua expectativa de crescimento para os Estados Unidos, devido à ausência de detalhes sobre as propostas que haviam levado o organismo a aumentar sua estimativa em janeiro.

O FMI advertiu que as "importantes incertezas políticas" pesam sobre as perspectivas e voltou à projeção do ano passado, de que a economia americana terá expansão de 2,1% em 2017 e 2018. O prognóstico anterior era de 2,3% e 2,5%, respectivamente.

A instituição ainda questionou a promessa do governo de acelerar o crescimento a mais de 3%, objetivo mais modesto adotado pelo secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, que afirmou que alcançar essa meta vai levar tempo.

A experiência internacional e a história dos Estados Unidos mostram que apenas algumas economias têm crescimento dessa magnitude e, geralmente, somente depois de uma recessão com desemprego alto, afirmou o FMI.

Ainda que os níveis sejam saudáveis, as taxas baixas de desemprego costumam pressionar a inflação.

Salários estagnados

As empresas têm relatado dificuldade para encontrar trabalhadores qualificados.

Os salários se mantêm estagnados, mas, se começarem a subir, poderiam também estimular a inflação, diminuir o lucro das empresas e concretizar o plano do Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) de aumentar a taxa de juros de referência, criando uma tendência a frear o crescimento.

As vendas de carros novos bateram recorde em 2016, mas caíram bruscamente nesse ano, enquanto a construção de casas e a compra de grandes produtos pelo consumidor enfrentaram altos e baixos.

Os índices de atividade dos setores industrial e de serviços seguiram crescendo, mas a indústria está preocupada com a falta de clareza sobre as políticas da administração atual.

O diretor do Comitê de Pesquisa de Negócios Manufaturados do ISM, Timothy R. Fiore, disse esta semana que a incerteza e as recorrentes ameaças de Trump sobre guerras comerciais pesam no panorama.

"Essa incerteza realmente não ajuda o meio empresarial", opinou.

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