INVESTIGAÇÃO

Possível ataque matou secretário-geral da ONU em 1961, diz relatório

Documentos revelam ainda que Grã-Bretanha e Estados Unidos tinham agentes secretos no Congo e em toda a região.

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Publicado em 18/10/2017 às 2:39
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Documentos revelam ainda que Grã-Bretanha e Estados Unidos tinham agentes secretos no Congo e em toda a região. - FOTO: Foto: AFP
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Um novo relatório sobre a misteriosa queda de avião na África que em 1961 matou o então secretário-geral das Nações Unidas, o sueco Dag Hammarskjöld, aponta para um "plausível" ataque à aeronave.

Um ataque ao avião é algo "plausível", concluiu o juiz tanzaniano Mohamed Chande Othman no relatório que será divulgado nos próximos dias e ao qual a AFP teve acesso nesta terça-feira.

O relatório reúne novas informações encontradas em arquivos de Bélgica, Grã-Bretanha, Canadá, Alemanha e Estados Unidos.

Hammarskjöld morreu no dia 18 de setembro de 1961, quando seu avião, um DC-6, caiu nas proximidades de Ndola, na Rodésia do Norte, hoje Zâmbia. O secretário-geral se dirigia para negociações de cessar-fogo na província de Katanga, no Congo, uma região rica em minerais.

Duas investigações concluíram que a queda foi provocada por um erro do piloto, mas por determinação da Assembleia Geral da ONU, a partir de 2014 foi iniciado um inquérito mais detalhado sobre a possibilidade de um ataque.

"Segundo a informação de que dispomos, parece plausível que um ataque externo tenha causado a queda" do avião, destaca o novo relatório.

O aparelho pode ter sido derrubado "por um ataque direto contra o voo SE-BDY". Várias testemunhas "viram mais de um avião no céu" no momento da queda da aeronave que transportava Hammarskjöld.

Algumas testemunhas afirmam que havia um jato, enquanto outras dizem que o DC-6 foi atacado por outro avião e estava em chamas quando caiu.

Segundo informações obtidas com os Estados Unidos, na ocasião os rebeldes de Katanga - que se opunham à independência do Congo Belga - tinham ao menos um jato militar e outros aviões em seu poder.

Revelações

Documentos revelam ainda que Grã-Bretanha e Estados Unidos tinham agentes secretos no Congo e em toda a região.

No relatório, Mohamed Chande Othman explica que não foi possível confirmar a história de que um piloto belga, conhecido como "Beukels", contou em 1967 a um diplomata francês, Claude de Kemoularia, que havia derrubado o avião de Hammarskjöld.

Rússia e França solicitaram os documentos relacionados ao caso e Chande Othman recomendou às Nações Unidas que designe um encarregado para analisar todos documentos relacionados ao caso, incluindo gravações realizadas na ocasião.

Em agosto de 2016, um relatório prévio solicitado pelo então secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, revelou que certos documentos citavam uma "Operação Celeste", cujo objetivo era eliminar Hammarskjöld.

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