PRESIDENTE AMERICANO

Confira os principais trechos do discurso de Trump sobre Jerusalém

A posição representa uma reviravolta em décadas da diplomacia americana e gerou duras críticas da comunidade internacional

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Publicado em 06/12/2017 às 21:43
Foto: SAUL LOEB / AFP
A posição representa uma reviravolta em décadas da diplomacia americana e gerou duras críticas da comunidade internacional - FOTO: Foto: SAUL LOEB / AFP
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O presidente americano, Donald Trump, decidiu nesta quarta-feira (6) reconhecer Jerusalém como capital de Israel, uma posição que representa uma reviravolta em décadas da diplomacia americana e gerou duras críticas da comunidade internacional.

Confira os principais trechos do discurso do presidente americano na Casa Branca:

Nova abordagem do conflito israelense-palestino

"Meu anúncio hoje marca o início de uma nova abordagem do conflito entre israelenses e palestinos.

Em 1995, o Congresso aprovou a Lei da Embaixada em Jerusalém, demandando o governo federal a realocar a embaixada americana para Jerusalém e reconhecer que aquela cidade é capital de Israel. 

No entanto, por mais de 20 anos, cada antecessor na Presidência adotou uma cláusula da lei, recusando-se a mudar a embaixada dos Estados Unidos para Jerusalém ou a reconhecer Jerusalém como capital de Israel.

Os presidentes adotaram esta cláusula acreditando que adiar o reconhecimento de Jerusalém traria avanços à causa da paz.

No entanto, após mais de duas décadas de isenções, não estamos mais perto de um acordo de paz duradouro entre Israel e os palestinos. Seria estupidez presumir que repetir a mesma fórmula produziria agora um resultado diferente ou melhor.

Portanto, determinei que este é o momento de reconhecer oficialmente Jerusalém como a capital de Israel.

'Um passo muito aguardado'

Considerei que esta ação atende da melhor forma aos interesses dos Estados Unidos da América e à busca da paz entre israelenses e palestinos.

Este é um passo muito aguardado para avançar no processo de paz e trabalhar rumo a um acordo duradouro.

Israel é uma nação soberana, com o direito, como toda nação soberana, a determinar sua própria capital. Reconhecer isto como um fato é uma condição necessária para alcançar a paz.

Faz 70 anos que os Estados Unidos, com o presidente Truman, reconheceu o Estado de Israel. Desde então, Israel tornou Jerusalém sua capital - a capital onde o povo judeu se estabeleceu em tempos antigos.

Hoje, Jerusalém abriga o governo israelense moderno. É a sede do Parlamento israelense, a Knesset, bem como da Suprema Corte israelense. É o local de residência do primeiro-ministro e do presidente. É sede de muitos ministérios.

Jerusalém não é apenas o coração de três grandes religiões, é também o coração de uma das democracias mais bem sucedidas do mundo.

Estou determinando que o Departamento de Estado inicie os preparativos para mudar a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém.

Isto iniciará imediatamente o processo de contratar arquitetos, engenheiros e projetistas de forma que a nova embaixada, quando concluída, seja um tributo magnífico à paz.

Nas últimas sete décadas, o povo israelense construiu um país onde judeus, muçulmanos e cristãos, e pessoas de todas as crenças são livres para viver e rezar, segundo sua consciência e sua fé.

Jerusalém hoje é, e precisa continuar sendo, um lugar onde judeus rezam no Muro das Lamentações, onde cristãos caminham nas Estações da Cruz, e onde os muçulmanos oram na Mesquita de Al-Aqsa.

Nenhuma posição sobre 'fronteiras específicas'

Ao fazer estes anúncios, também quero deixar um ponto bem claro: esta decisão não tem a intenção, de forma alguma, de refletir um abandono no nosso forte compromisso em facilitar um acordo de paz duradouro.

Queremos um acordo que seja um grande pacto para os palestinos.

Não estamos tomando uma posição sobre quaisquer questões de um status final, incluindo as fronteiras específicas da soberania israelense em Jerusalém ou a resolução de fronteiras contestadas. Estas questões cabem às partes envolvidas.

Os Estados Unidos continuam profundamente comprometidos em ajudar a facilitar um processo de paz que seja aceitável para os dois lados. Eu tenho a intenção de fazer tudo no meu poder para ajudar a forjar este entendimento.

Sem dúvida, Jerusalém é uma das questões mais sensíveis destas conversações. Os Estados Unidos apoiariam uma solução de dois Estados se acordada pelos dois lados.

Enquanto isso, peço a todas as partes que mantenham o status quo nos lugares sagrados de Jerusalém, inclusive no Monte do Templo, também conhecido como Haram al-Sharif.

'Compromisso com a paz'

Com a medida de hoje, reafirmo o compromisso duradouro da minha administração com um futuro de paz e segurança para a região.

É claro que haverá desacordos e desentendimentos em relação a este anúncio. Mas somos confiantes de que finalmente, ao trabalharmos nestes desacordos, chegaremos a uma paz e a um lugar muito maior em entendimento e cooperação.

Esta cidade sagrada deve inspirar o melhor na humanidade; não nos puxar para trás e para baixo para antigas brigas que se tornaram tão absolutamente previsíveis.

A paz nunca está além do alcance daqueles que desejam conquistá-la.

Portanto hoje, pedimos calma, moderação e para que as vozes da tolerância prevaleçam sobre os provedores do ódio. Nossos filhos devem herdar nosso amor, não nossos conflitos.

Repito a mensagem que deu na histórica e extraordinária cúpula na Arábia Saudita no começo deste ano: o Oriente Médio é uma região rica em cultura, alma e história. Seu povo é brilhante, orgulhoso, e diverso, vibrante e forte.

Mas o futuro incrível que aguarda esta região é contido por banhos de sangue, ignorância e terror.

'A nobre busca pela paz'

O vice-presidente Pence viajará para a região nos próximos dias para reafirmar nosso compromisso em trabalhar com parceiros em todo o Oriente Médio para derrotar o radicalismo que ameaça as esperanças e os sonhos das gerações futuras.

É hora de os muitos que desejam a paz expulsarem os extremistas de seu meio. É o momento de países e pessoas civilizados responderem ao desacordo com discussões racionais, não com violência.

É momento de as vozes jovens e moderadas em todo o Oriente Médio reivindicarem para si um futuro brilhante e bonito.

Portanto, hoje, vamos nos dedicar a um caminho de entendimento e respeito mútuos. Vamos repensar antigas presunções e abrir nossos corações e mentes para o possível e para as possibilidades.

Finalmente, peço que os líderes da região - políticos e religiosos; israelenses e palestinos; judeus e cristãos e muçulmanos, se unam a nós nesta nobre busca pela paz duradoura.

Obrigado. Deus os abençoe. Deus abençoe Israel. Deus abençoe os palestinos. E Deus abençoe os Estados Unidos. Muito obrigado".

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