GUERRA

Guerra no Iêmen já matou ou feriu 5.000 crianças

''As crianças sofrem uma guerra que não é delas'', lamenta o representante do Unicef

AFP
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Publicado em 16/01/2018 às 13:28
Foto: Mohammed Huwais/AFP
''As crianças sofrem uma guerra que não é delas'', lamenta o representante do Unicef - FOTO: Foto: Mohammed Huwais/AFP
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O Unicef ??divulgou nesta terça-feira (16) números chocantes das consequências da guerra no Iêmen, apontando que mais de 5.000 crianças foram mortas ou feridas na violência e que 1,8 milhões sofrem de desnutrição aguda.

Em um relatório apresentado à imprensa na capital iemenita Sanaa, o Fundo das Nações Unidas para a Infância acrescentou que quase dois milhões de crianças não estão mais na escola, incluindo meio milhão desde a escalada do conflito em março de 2015, após a intervenção militar da Arábia Saudita e seus aliados.

Mais de três milhões de crianças nasceram desde então e "toda uma geração" será marcada pela violência, deslocamentos, doença, pobreza e desnutrição, observa o relatório.

Mais da metade dos jovens iemenitas não têm acesso a água potável ou saneamento adequado, segundo o Unicef, que ressalta que 1,8 milhão de crianças sofrem de desnutrição aguda, incluindo quase 400.000 que precisam de tratamento urgente para sobreviver.

Mais de 5.000 crianças foram mortas ou feridas na violência desde março de 2015, 1.000 a mais do que em março de 2017, segundo dados da agência da ONU.

Precariedade

As crianças no Iêmen "sofrem as consequências devastadoras de uma guerra que não é delas", declarou Meritxell Relano, representante do Unicef no Iêmen.

Além disso, nesta terça-feira, um novo relatório do Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) assinala que 22,2 milhões de iemenitas (76% da população) precisam de ajuda alimentar, ou seja, um aumento de 1,5 milhão de pessoas nos últimos seis meses.

O risco da fome também cresce, com 8,4 milhões de pessoas confrontadas com a falta de alimentos, frente aos 6,8 milhões em 2017.

No ano passado, as Nações Unidas declararam que o Iêmen era o cenário "da pior crise humanitária do mundo".

A guerra opõe as forças do governo aos rebeldes huthis, que conquistaram vastos territórios, incluindo a capital Sanaa, em setembro de 2014. Os huthis são apoiados pelo Irã.

Em março de 2015, uma aliança militar liderada pela Arábia Saudita entrou em ação no Iêmen para apoiar as forças governamentais.

Mais de 9.200 pessoas foram mortas e cerca de 53 mil feridas, incluindo muitos civis, desde a intervenção da coalizão, de acordo com os últimos números da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Mais de 2.200 pessoas morreram como resultado de uma epidemia de cólera que atinge o país desde abril, de acordo com a OMS.

O Iêmen depende fortemente da ajuda internacional e das importações de alimentos, que são alvos de restrições da Arábia Saudita e seus aliados.

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