Momento de descobertas, mudanças contínuas e decisões que podem afetar toda a vida, a adolescência pode se estender por mais alguns anos. Uma pesquisa divulgada na revista científica Lancet Child & Adolescent Health demonstra que essa fase pode passar dos 19 anos atuais para os 24.
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O principal motivo seria que as alterações corporais continuam após os 20 anos. A liberação dos hormônios sexuais, fenômeno que acontece quando uma parte do cérebro, chamada hipotálamo, ativa glândulas hipófise e gônodas, acontecia, em geral por volta das 14 anos. Nas últimas décadas, no entanto, essa parte do desenvolvimento começa a ocorrer a partir dos 10 anos de idade.
Além disso, as mulheres tendem a ficar menstruadas por volta dos 12 anos, quando, antigamente, isso acontecida por volta dos 16. Ou seja, evidências de que o corpo, mesmo após duas décadas, ainda está em constante desenvolvimento.
Outro aspecto analisado pela pesquisa é a decisão de formar uma família, que tem sido definida cada vez mais tarde. Enquanto, na década de 1970, homens e mulheres casavam-se e tinham filhos entre os 22 e 24 anos, hoje essa responsabilidade só é tomada por volta das 32 para eles e 30 para elas.
Prós e contras
Por um lado, pesquisadores afirmam que essas constatações podem levar a alterações nas leis, que precisariam considerar o período para garantir a provisão de serviços especiais já dados a crianças e adolescentes, em especial a educação.
No entanto, de acordo com pesquisadores contrários a essas novas definições, a mudança poderia afetar a forma como a sociedade enxerga essa população, existindo o perigo de haver uma infantilização de jovens. Eles afirmam que pode ocorrer o risco de transformar o desejo desses jovens por independência (no caso das decisões tardias de casamento e filhos) em uma patologia. É preciso, então, reconhecer os pontos fortes dos jovens e desenvolver o potencial deles, sem a necessidade de focar em problemas da adolescência.