ENFRENTAMENTOS

Combates se intensificam entre separatistas e Exército no Iêmen

Na cidade de Áden, combates entre as forças separatistas e governamentais deixaram 36 mortos em dois dias

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Publicado em 29/01/2018 às 21:16
Foto: SALEH AL-OBEIDI / AFP
Na cidade de Áden, combates entre as forças separatistas e governamentais deixaram 36 mortos em dois dias - FOTO: Foto: SALEH AL-OBEIDI / AFP
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Pelo segundo dia consecutivo, a cidade de Áden, no sul do Iêmen, foi cenário de combates nesta segunda-feira (29) entre as forças separatistas e governamentais, que deixaram 36 mortos em dois dias.

Os combates com tanques e artilharia, que explodiram no domingo (28) entre separatistas do sul, partidários da independência, e o governo do presidente Abd Rabbo Mansur Hadi, agregam nova dimensão a um conflito iniciado há três anos neste país pobre da península Arábica.

"Os enfrentamentos deixaram 36 mortos e 185 feridos em dois dias", informou na noite de segunda-feira o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) no Twitter. Um balanço anterior de fontes de segurança reportou 24 mortos, entre civis e combatentes.

O Iêmen do Sul era um Estado independente antes de sua fusão com o Norte em 1990, e o movimento separatista permaneceu muito poderoso.

A crise iniciada no domingo em Áden, a segunda maior cidade do Iêmen, entre os separatistas e o governo do presidente Abd Rabbo Mansour Hadi, apoiado pela Arábia Saudita, deu uma nova dimensão a um conflito extremamente complexo que se arrasta há três anos neste país pobre da Península Arábica.

Os separatistas eram aliados do governo, mas a situação tornou-se tensa em abril de 2017, quando Hadi demitiu o governador de Áden, Aidarus al-Zubaidi, que formou no mês seguinte um Conselho Transitório do Sul, uma autoridade paralela dominada por separatistas.

Este Conselho lançou um ultimato na semana passada a Hadi exigindo a saída do primeiro-ministro Ahmed ben Dagher e "mudanças no governo", acusado de "corrupção".

O ultimato expirou na manhã de domingo e os combates eclodiram imediatamente. A sede do governo e outras instalações foram tomadas pelos separatistas, de acordo com fontes militares.

Na noite desta segunda, os combates se intensificaram, segundo fontes de segurança. As forças separatistas estavam a apenas 1 km do palácio presidencial e teriam tomado o controle de dois campos militares ao norte do aeroporto.

A coalizão militar chefiada pela Arábia Saudita pediu negociações nesta segunda-feira.

Seu porta-voz, o coronel saudita Turki al Maliki, pediu aos separatistas que "falem com o governo legítimo" e a este pediu para "examinar as demandas do movimento social e político" representado pelos separatistas.

Reforços

O mediador da ONU no Iêmen, Ismail Ould Sheikh Ahmed, também pediu "um retorno à calma e ao diálogo", acrescentando que a ONU está "sempre disposta a ajudar a resolver disputas".

O emissário, que deve deixar o cargo em fevereiro, não conseguiu promover um cessar-fogo ou solução duradoura para o conflito.

Esta manhã, fontes da segurança disseram à AFP que os separatistas estavam convocando reforços para Áden das províncias de Abyan (sul) e Marib (centro). 

Em Abidjan, essas forças entraram em confronto com as unidades governamentais, mas conseguiram continuar seu progresso.

Em meio a disparos de carros de combate e peças de artilharia pesada, Áden estava totalmente paralisada. As ruas estavam desertas em vários bairros, segundo um cinegrafista da AFP que confirmou o uso de carros de combate pelas partes beligerantes. A maioria das escolas e lojas ficou fechada.

A ONU declarou em um comunicado que o aeroporto e o porto de Áden estacam fechados "até nova ordem".

Segundo fontes militares, os separatistas capturaram 210 soldados, mas libertaram em seguida 70 após mediações tribais. As forças de Hadi capturaram 30 separatistas.

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