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Trump avalia opções militares contra Síria

Trump ainda não tomou sua ''decisão final'' sobre como responder ao ataque com armas químicas na Síria

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Publicado em 12/04/2018 às 21:32
Foto: Fotos Públicas/ Dan Scavino Jr
Trump ainda não tomou sua ''decisão final'' sobre como responder ao ataque com armas químicas na Síria - FOTO: Foto: Fotos Públicas/ Dan Scavino Jr
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, avalia as opções militares contra a Síria após o suposto ataque com armas químicas que gerou indignação internacional, em meio às advertências de Moscou sobre a ampliação do conflito.

Trump ainda não tomou sua "decisão final" sobre como responder ao ataque com armas químicas na Síria, informou a Casa Branca nesta quinta-feira, após o presidente se reunir com seus principais assessores de Segurança Nacional.

O presidente deve conversar com o líder francês, Emmanuel Macron, e com a primeira-ministra britânica, Theresa May, sobre a ação a ser tomada, revelou a secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders.

Washington e seus aliados em Paris e Londres concordam em que o ataque químico contra o enclave rebelde de Duma, na região de Damasco, não pode ficar impune. Segundo socorristas, o ataque deixou mais de 40 mortos.

Theresa May convocou uma reunião de emergência do seu governo para "discutir uma resposta aos eventos na Síria", após a qual qualificou o ataque a Duma de "ato surpreendente e bárbaro" que matou pessoas "da forma mais espantosa e desumana".

Mas depois de advertir à Rússia e afirmar que "os mísseis chegarão" à Síria, Donald Trump pareceu amenizar a situação na manhã desta quinta-feira. 

"Nunca disse quando aconteceria um ataque na Síria. Pode acontecer muito em breve ou não tão cedo. Em qualquer caso, Estados Unidos, sob minha administração, têm feito um grande trabalho para livrar a região do Estado Islâmico. Onde está o nosso 'Obrigado Estados Unidos'?" - completou.

Outros países

Na França, o presidente Emmanuel Macron também relativizou a urgência de uma reação, após mencionar na terça-feira um anúncio "nos próximos dias".

"Teremos decisões a serem tomadas no devido tempo, quando julgarmos o mais útil e o mais eficaz", disse no canal TF1.

Sobre os méritos, no entanto, permaneceu firme em suas acusações, dizendo ter "provas" de que "armas químicas foram utilizadas, pelo menos cloro, e que foram usadas pelo regime de Bashar al-Assad".

A chanceler alemã, Angela Merkel, também considerou "evidente" que o regime sírio ainda dispõe de um arsenal químico, enfatizando que Berlim "não participaria de ações militares" contra Damasco.

A Organização Internacional para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ) anunciou que se reunirá na segunda-feira para discutir o suposto ataque químico em Duma.

A Rússia pediu nesta quinta às potências ocidentais que reflitam seriamente sobre as consequências de suas ameaças de atacar a Síria.

"Pedimos a todos os membros da comunidade internacional que reflitam seriamente sobre as consequências possíveis de tais acusações, ameaças e ações planejadas contra o governo sírio", declarou a porta-voz ministério russo das Relações Exteriores, María Zajárova.

Mais cedo, o Kremlin afirmou que o canal de comunicação entre militares russos e americanos sobre as operações na Síria, destinadas a evitar incidentes, continua ativo.

Após uma reunião a portas fechadas no Conselho de Segurança sobre o uso de armas químicas na Síria, o embaixador russo na ONU, Vassily Nebenzia, declarou que "a prioridade é evitar o perigo de uma guerra".

Quando foi questionado se poderia se tratar de uma guerra entre Estados Unidos e Rússia, o diplomata russo respondeu: "não podemos excluir nenhuma possibilidade".

O diplomata russo também disse que a Rússia havia solicitado uma reunião pública do Conselho de Segurança sobre a Síria com o secretário-geral da ONU, António Guterres, na sexta-feira. O chefe das Nações Unidas deveria intervir "em um futuro próximo", lançou.

A Rússia denuncia um "pretexto" utilizado para lançar uma operação contra seu aliado, e seu embaixador no Líbano advertiu que abateria qualquer míssil lançado contra a Síria.

"Qualquer ação só vai desestabilizar ainda mais a região", alertou por sua vez o presidente sírio, Bashar al-Assad.

A perspectiva da ação militar americana, apoiada pela França e provavelmente pelo Reino Unido, faz parte de um contexto extremamente difícil entre o Ocidente e a Rússia.

Depois de um voto triplo na terça-feira na ONU, sem qualquer resultado, seu secretário-geral, Antonio Guterres, pediu quarta-feira aos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança "para evitar uma situação fora de controle" na Síria, reiterando a sua "grande preocupação com o impasse atual".

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, expressou preocupação nesta quinta pela "disputa de queda de braço" entre algumas potências estrangeiras, enquanto que os elementos de uma resposta coordenada entre os ocidentais se encaixava.

De acordo com os Capacetes Brancos e a ONG Syrian American Medical Society, mais de 40 pessoas morreram em Duma, último reduto rebelde de Ghuta Oriental, enquanto mais de 500 feridos foram tratados por "dificuldades respiratórias".

O Exército russo, que atua na Síria ao lado das forças do governo desde setembro de 2015, anunciou nesta quinta que a bandeira nacional havia sido hasteada em Duma, marcando a retomada pelo regime do controle total de Ghuta Oriental.

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