LÍBIA

Migrante náufraga sobrevive junto a dois mortos no Mediterrâneo

A mulher, uma camaronesa de 40 anos, flutuava agarrada aos restos do barco e junto aos corpos dos dois migrantes que não conseguiram sobreviver

AFP
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Publicado em 18/07/2018 às 4:23
Foto: PAU BARRENA / AFP
A mulher, uma camaronesa de 40 anos, flutuava agarrada aos restos do barco e junto aos corpos dos dois migrantes que não conseguiram sobreviver - FOTO: Foto: PAU BARRENA / AFP
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As equipes de resgate da ONG espanhola Proactiva Open Arms descobriram no mar uma mulher que conseguiu sobreviver ao naufrágio de um bote ao ficar agarrada a dois mortos, outra mulher e uma criança.

A ONG estava patrulhando o litoral da Líbia, de onde parte a maioria dos migrantes com destino à Europa, quando fez a macabra descoberta.

A mulher, uma camaronesa de 40 anos, flutuava agarrada aos restos do barco e junto aos corpos dos dois migrantes que não conseguiram sobreviver.

A migrante foi atendida pelos médicos com sintomas de hipotermia e trauma emocional.

A Guarda Costeira da Líbia, encarregada de patrulhar a região, indicou que 158 pessoas foram resgatadas a 16 milhas náuticas de Joms, relativamente distante da área onde a náufraga foi encontrada.

Os dois corpos já se encontravam em estado de decomposição.

Dois barcos da ONG espanhola retornaram nesta terça-feira à costa da Líbia, depois de várias semanas de ausência devido às dificuldades para desembarcar os migrantes que resgatam devido à linha dura adotada por Itália e Malta, que se negam a recebê-los.

O ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, líder da direitista Liga, advertiu em um tuíte que continuará com sua linha dura.

Confronto

O caso gerou um verdadeiro confronto entre a organização humanitária espanhola e o ministro italiano, acusado de aplicar uma política desumana.

Para a ONG espanhola, os líbios abandonaram as duas mulheres e a criança após intervirem.

"É um fato a ser denunciado ante o Tribunal ?Internacional ?de Direitos Humanos", clamou, indignada, a ONG em comunicado.

Para Óscar Camps, diretor e fundador da ONG, a bordo do "Open Arms" naquele momento e testemunha do ocorrido, a Guarda Costeira líbia omitiu dizer que "deixaram duas mulheres e uma criança a bordo, e afundaram o barco porque não queriam entrar em embarcações de patrulha da Líbia ", disse ele.

"Por quanto tempo teremos que lidar com assassinos recrutados pelo governo italiano para matar e torturar os que tentam cruzar o Mediterrâneo? A política de Matteo Salvini é responsável por este crime", denunciou.

Interrogada pela AFP, a Guarda Costeira líbia se negou a fazer comentários sobre o assunto. 

Para o Ministério italiano do Interior trata-se de uma notícia falsa.

"Desafio a todas as pessoas a encontrarem uma mensagem minha em que peço para abandonar as pessoas no mar. Meu objetivo é salvar a todos, alimentar a todos, mas evitar que cheguem à Itália. O objetivo é acabar com o tráfico de seres humanos, que é a única forma de reduzir o número de mortos", declarou Salvini em entrevista coletiva após enviar um tuíte escrito "portas fechadas, coração aberto".

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