O presidente francês, Emmanuel Macron, receberá no próximo domingo (11), em Paris, 70 chefes de Estado e governo para comemorar o centenário do fim da Primeira Guerra Mundial e participar de um fórum internacional concebido como uma demonstração de força do multilateralismo ante o avanço nacionalista.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que chegará à capital francesa na noite desta sexta-feira (9), acompanhado da primeira-dama, Melania, não participará do fórum que debaterá democracia e multilateralismo, em uma clara descortesia a Macron, anfitrião do evento.
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O auge da cerimônia será no emblemático Arco do Triunfo, na avenida Champs Elysées, onde será realizado pela manhã um ato na presença de chefes de Estado e de governo, inclusive Trump, seu contraparte russo, Vladimir Putin, e a chanceler alemã, Angela Merkel.
Está previsto que o presidente Macron faça um discurso sobre o tema da paz, depois de ter advertido recentemente sobre o risco de um nacionalismo similar ao do período entreguerras.
A França, que foi alvo de vários ataques terroristas nos últimos anos, intensificará as medidas de segurança durante as comemorações. O ministério do Interior informou que 10.000 policiais serão mobilizados neste fim de semana na capital francesa.
Todos os dirigentes serão recebidos na manhã de domingo no Palácio do Eliseu por Emmanuel Macron, para quem o dia encerrará um périplo de uma semana pelos campos de batalha do conflito bélico que assolou a Europa há cem anos e deixou 18 milhões de mortos entre militares e civis.
À tarde será celebrado um Fórum Internacional pela Paz, evento com vocação para se tornar um encontro anual, com o objetivo de promover o multilateralismo, atacado por alguns chefes de Estado, entre eles Donald Trump, ou mais recentemente presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro.
"Não se trata apenas de comemorar o passado, mas de utilizar suas lições para preparar o futuro", explicou esta semana o diplomata francês Michel Duclos, que participou da organização do fórum.
'Luta' contra onda nacionalista
Donald Trump, que se reunirá com Macron para um almoço de trabalho no sábado, não irá a este fórum de três dias, do qual vão participar chefes de Estado e de governo, organizações internacionais, ONGs e ativistas.
Na tarde de domingo, visitará o cemitério americano de Suresnes, arredores de Paris, que acolhe os restos de soldados americanos mortos, antes de voltar para Washington.
Embora Macron e Trump tivessem uma relação calorosa no início de seus mandatos, particularmente durante a primeira visita de Trump a Paris como presidente, em julho de 2017, seus vínculos esfriaram em meio a uma crescente lista de desavenças, com a decisão do americano de se retirar do Pacto de Paris sobre o clima ou do acordo nuclear iraniano.
A decisão de Trump de viajar a Paris deve "servir como um lembrete do importante papel que os Estados Unidos desempenharam e continuam desempenhando para garantir a paz e a segurança na Europa", explicou um funcionário da Casa Branca antes da viagem do presidente americano a Paris.
O Fórum pela Paz, apelidado de "Davos para a democracia" por funcionários franceses, será inaugurado por Macron no domingo à tarde. O chefe de Estado francês passará simbolicamente a palavra à chanceler alemã, Merkel, e ao secretário-geral da ONU, António Guterres.
Este fórum faz parte da "luta" contra a crescente onda nacionalista que se propagou pelo mundo, disse Justin Vaïsse, encarregado da organização do evento, à AFP, enquanto tentava minimizar a reprimenda de Trump.
"O objetivo de fórum é mostrar que há muitas forças no sistema internacional - Estados, ONG, fundações, intelectuais, empresas - que acreditam que precisamos de um mundo de regras, um mundo aberto e um mundo multilateral", destacou.
Espera-se que o presidente russo, Vladimir Putin, e seu contraparte turco, Recep Tayyip Erdogan, estejam entre os presentes. Do lado latino-americano, foi anunciada a presença do presidente da Colômbia, Iván Duque, e de seu contraparte costa-riquenho, Carlos Alvarado.
Na segunda e na terça-feira, filantropos, empresários e representantes de instituições internacionais vão debater as formas de abordar os desafios globais, como mudanças climáticas e governança da Internet.