HOMENAGEM

Khashoggi e outros jornalistas são a personalidade do ano da revista 'Time'

É a primeira vez que jornalistas são eleitos personalidades do ano pela revista, que concede este título desde 1927

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Publicado em 11/12/2018 às 19:01
Foto: MOISES SAMAN / TIME INC. / AFP
É a primeira vez que jornalistas são eleitos personalidades do ano pela revista, que concede este título desde 1927 - FOTO: Foto: MOISES SAMAN / TIME INC. / AFP
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O jornalista saudita Jamal Khashoggi, assassinado em 2 de outubro no consulado do seu país em Istambul, foi eleito personalidade do ano pela revista americana Time, uma distinção compartilhada com outros repórteres nesta terça-feira. 

Além de Khashoggi, a publicação homenageou a jornalista filipina Maria Ressa, os dois repórteres birmaneses da agência de notícias Reuters Wa Lone e Kyaw Soe Oo, atualmente na prisão, assim como a redação do jornal local Capital Gazette, que sofreu com a morte de cinco de seus profissionais em um ataque em junho em Annapolis, Maryland.

É a primeira vez que jornalistas são eleitos personalidades do ano pela revista, que concede este título desde 1927.

Além disso, nunca uma pessoa falecida havia sido nomeada principal personalidade do ano.

Capas diferentes

A revista Time decidiu publicar quatro capas diferentes de sua revista esta semana para destacar cada jornalista, ou grupo de jornalistas, escolhidos.

000_1BI55QMoises Saman/TIME Inc./AFP

Os jornalistas venceram Donald Trump, designado como personalidade do ano em 2016 e que ficou em segundo lugar na classificação no ano passado. O presidente dos Estados Unidos foi apontado pelas casas de apostas como favorito para este ano.

"Ao estudar as opções possíveis, ficou claro que a manipulação da verdade e falsidade foram características comuns de muitos dos principais temas do ano, da Rússia até Riad, passando pelo Vale do Silício", explicou o editor-chefe da Time, Edward Felsenthal, ao anunciar a personalidade do ano no canal americano NBC.

"Então, decidimos nos concentrar em quatro pessoas e um grupo que assumiram grandes riscos na busca pela verdade, começando com Jamal Khashoggi", continuou ele.

"É muito raro a influência de uma pessoa crescer tão significativamente após a morte", disse Felsenthal para justificar a escolha de uma pessoa falecida. "Seu assassinato mudou a percepção geral do príncipe herdeiro saudita (Mohamed bin Salman) e finalmente chamou a atenção para uma guerra devastadora no Iêmen".

Embora o príncipe tenha negado qualquer vínculo com o assassinato, uma investigação da CIA revelada pela imprensa concluiu que ele estava após a operação.

Outros dos reconhecidos, Wa Lone e Kyaw Soe Oo, foram sentenciados em setembro a sete anos de prisão depois de investigar um massacre de muçulmanos rohingyas pelo exército birmanês.

Os jornalistas investigaram a morte, em 2017, de 10 rohingyas durante a repressão militar birmanesa contra essa comunidade muçulmana, descrita como genocida pela ONU.

Seu recurso deve ser analisado a partir de 24 de dezembro por um tribunal de Ragun.

A co-fundadora do site Rappler Maria Ressa foi outra reconhecida por sua cobertura da guerra contra as drogas do presidente filipino Rodrigo Duterte. Ela foi acusada de fraude fiscal e ameaçada de prisão.

Enquanto isso, o jornal de Annapolis Capital Gazette foi incluído depois do ataque cometido por um atirador, Jarrod Ramos, que em 28 de junho matou cinco pessoas a tiros na redação.

Esta é a segunda vez que a revista escolheu um grupo e não uma única pessoa.

Em 2017, a publicação selecionou aqueles que "quebraram o silêncio" diante do assédio sexual, em meio a acusações contra homens poderosos em diferentes partes do mundo.

O procurador especial Robert Mueller, encarregado de investigar o possível conluio entre a equipe de campanha de Trump e a Rússia na campanha de 2016, ficou em terceiro lugar na classificação.

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