'VOLTA À VIDA NORMAL'

Estrasburgo reabre mercado de Natal após 48 horas de angústia

A cidade francesa de Estrasburgo retornou à 'vida normal' após a polícia abater o autor do ataque que deixou quatro mortos

Kevin Fonseca
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Kevin Fonseca
Publicado em 14/12/2018 às 14:32
Foto: SEBASTIEN BOZON / AFP
A cidade francesa de Estrasburgo retornou à 'vida normal' após a polícia abater o autor do ataque que deixou quatro mortos - FOTO: Foto: SEBASTIEN BOZON / AFP
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A cidade de Estrasburgo retornava, nesta sexta-feira (14), à "vida normal", com a reabertura do seu famoso mercado de Natal, depois que a polícia abateu, na quinta-feira à noite, Chérif Chekatt, autor do ataque que deixou quatro mortos e mais de uma dúzia de feridos.

O emblemático mercado da cidade estava fechado desde o ataque de terça-feira, mas reabriu ao público esta manhã.

"Espero que as pessoas voltem, e não tenham medo", disse à AFP Jean-Louis Hubert, um vendedor de gorros de Natal que estava "feliz" de poder reabrir suas portas a dez dias das festas de final de ano.

A morte de Chekatt, 48 horas após o ataque, é um alívio para os moradores e muitos turistas. "Isso facilitará o retorno à vida normal", declarou o prefeito de Estrasburgo, Roland Ries.

Chérif Chekatt, de 29 anos e supostamente radicalizado, foi localizado na quinta-feira por volta das 21H00 quando uma patrulha policial o viu em uma rua do bairro de Neudorf, onde havia sido visto pela última vez.

A polícia recebeu cerca de 800 ligações depois que o nome e a foto do agressor foram divulgados, na quarta-feira.

Duas chamadas foram "decisivas" para encontrá-lo, disse o promotor Remy Heitz.

Quando três agentes que patrulhavam a área o localizaram, Chekatt tentou escapar entrando em um prédio. Mas ao perceber que a porta estava fechada, se virou e atirou nos policiais, que reagiram, explicou o promotor em uma entrevista coletiva em Estrasburgo.

Duas pessoas foram detidas na quinta-feira à noite para interrogatório, elevando a sete o número de detenções, incluindo os pais de Chekatt e seus dois irmãos.

"A investigação vai continuar para identificar eventuais cúmplices o coautores", ressaltou o promotor.

O balanço de mortos aumentou nesta sexta, com a confirmação do falecimento de um dos feridos que estava em estado crítico.

Segundo o ministério das Relações Exteriores da Itália, trata-se do jornalista italiano Antonio Megalizzi, de 28 anos.

 'Oportunista' 

Nesta sexta, o ministro francês do Interior, Christophe Castaner, afirmou que a reivindicação do atentado no mercado de Natal de Estrasburgo pelo grupo extremista Estado Islâmico foi "totalmente oportunista".

"A reivindicação totalmente oportunista do Daesh (acrônimo árabe do EI) não muda nada", declarou Castaner.

A agência de propaganda do grupo extremista, Amaq, declarou na quinta que Chekatt era um "soldado do Estado Islâmico". Mas para o ministro, o atirador era um homem "consumido pelo mal".

O presidente francês, Emmanuel Macron, atualmente em Bruxelas, viajará a Estrasburgo à tarde para homenagear as vítimas do ataque e saudar o trabalho da força pública.

Ainda não se sabe como Chekatt foi capaz de escapar ao estrito perímetro de segurança estabelecido em torno do mercado natalino.

Cerca de 500 policiais, agentes de segurança e soldados controlam o acesso nas pontes que levam ao centro histórico, onde o mercado está localizado.

No entanto, muitos moradores não ficaram surpresos com o fato de que Chekatt conseguiu passar pelos controles com uma arma e uma faca. 

"Você pode esconder uma arma sob um casaco grosso ou no fundo da bolsa", disse Emeline, 38 anos, que trabalha no centro da cidade. 

O vice-prefeito de Estrasburgo, Alain Fontanel, admitiu que "os riscos podem ser reduzidos, mas não eliminados".

"Nós não podemos revistar todo mundo, apenas realizar verificações aleatórias", disse, acrescentando que as grandes filas nos pontos de controle só criariam um novo alvo potencial para os terroristas.

"Alguém que queira entrar em uma área tão grande com uma arma pode fazê-lo", apontou.

A França está em alerta terrorista desde o início de uma onda de ataques jihadistas em 2015.

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