COMPARAÇÃO

Filhote de leão e macaco reproduzem na vida real cena marcante de 'O Rei Leão'; veja vídeo

O momento foi registrado na África do Sul por um guia de safári

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Publicado em 04/02/2020 às 21:58
@kurtsafarico via Instagram e Disney
O momento foi registrado na África do Sul por um guia de safári - FOTO: @kurtsafarico via Instagram e Disney
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Uma cena no Parque Nacional Kruger, na África do Sul, gerou comparações com o filme 'O Rei Leão'. Tudo começou quando um babuíno salvou um filhote de leão que estava sendo ameaçado por um grupo de babuínos, tratando o pequeno como sua cria.

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O guia de safári Kurt Schultz foi quem registrou o acontecimento, no sábado (1). Nas redes sociais, ele comentou que tinha uma reunião no parque e, enquanto aguardava o começo da mesma, decidiu circular pelo local e tirar algumas fotos.

Foi quando encontrou um grupo de babuínos que pareciam agitados, e de repente um deles se afastou e começou a escalar uma árvore. Neste momento o guia percebeu que o animal, que era um jovem macho, carregava um filhote de leão.

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"Provavelmente no começo do dia os babuínos desceram das árvores para procurar por comida, e encontraram o filhote de leão escondido", comentou Schultz. O que mais surpreendeu o guia foi o fato do babuíno tratar o filhote como se fosse da própria espécie, o protegendo e fazendo carinho no leão.

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Final pode não ser tão feliz

Apesar do momento ter gerado comparações com uma cena que ocorre no começo de 'O Rei Leão' em que um babuíno, Rafiki, ergue Simba, um leão recém-nascido, na vida real o final pode não ser tão feliz. "Eu presumo que o filhote não sobreviverá até o fim do dia, seja por brigas entre babuínos para pegar o leão e comê-lo ou apenas pela força do babuíno andando com o filhote ou pelo calor do dia", comentou Schultz.

Veja a cena marcante de 'O Rei Leão'

Até agora o filhote não foi visto novamente, mas o guia comentou, em uma publicação, que após três dias sem leite materno o pequeno leão não sobreviveria. Algumas pessoas levantaram até a possibilidade de o babuíno ter resgatado o animal apenas para comê-lo sozinho. "Depois de 20 anos como guia esta foi a primeira vez que eu vi um babuíno cuidando e criando um filhote de uma espécie predadora", comentou o guia.

As regras do Parque Nacional Kruger proíbem a interferência de humanos em eventos normais da natureza. É comum que babuínos tentem matar filhotes de leão pois, ao se tornarem adultos, os leões viram predadores dos babuínos.

'O Rei Leão' ajuda a superar os obstáculos da vida, diz especialistas

"A vida não é justa, não é amiguinho? Enquanto uns nascem para o banquete, outros passam a vida na escuridão", ouve o pequeno Simba em O Rei Leão.  A animação original, que foi aos cinemas em 1994 com direção de Rob Minkoff e Roger Allers, arrecadou US$ 968,5 milhões em valores corrigidos. Em 2019, o remake, estreou na liderança das bilheterias norte-americanas ao arrecadar US$ 185 milhões durante seus três primeiros dias de exibição.

Voltando ao assunto, Simba é só um filhote que testemunha o assassinato do pai, se culpa por sua morte e vai ter uma grande responsabilidade na vida.

Bambi também assistiu à cruel morte da mãe. Arlo vê o pai ser levado pela correnteza justo num momento em que seu principal protetor está desapontado com ele. Dumbo, já vivendo com o peso de ser ridicularizado por ter orelhas grandes demais, é separado de sua mãe. Fievel, durante uma terrível tempestade, é arremessado para fora do navio em que viaja com a família e se vê sozinho num país novo. Nemo, o filho sobrevivente de uma tragédia que dizimou quase toda a sua família, é raptado. Dory vaga pelo oceano buscando em sua curta memória algo que a leve a seus pais.

Simba, Bambi, Arlo, Dumbo, Fievel, Nemo e Dory - um leão, um cervo, um dinossauro, um elefante, um rato e dois peixes - são apenas alguns dos inúmeros personagens que vêm povoando os filmes de animação para crianças. Feitos para divertir, eles abordam temas duros, trazem cenas violentas e podem deixar os pais em dúvida sem saber se seu filho está pronto para ser confrontado com algumas questões essenciais para o ser humano.

Para discutir se ser confrontado com essas cenas afeta, de alguma forma, as crianças e se filmes podem incentivar a violência ou despertar um medo ou angústia que ainda não havia se manifestado, o Estado conversou com a psicóloga e consultora educacional Rosely Sayão e com o psiquiatra Daniel Martins de Barros.

"Tudo o que há nos filmes há na vida. A vantagem dos filmes é que em alguns momentos a criança pode fechar os olhos se ela não quiser assistir. Na vida, ela não pode", comenta Rosely.

"Os pais tentam proteger os filhos de todo sofrimento e tristeza, de toda emoção negativa, mas é uma missão impossível. Parentes morrem, avós morrem. Esses filmes ajudam a introduzir esses temas para crianças", diz Barros, que é colunista do jornal O Estado de S. Paulo.

"Muitos pais querem evitar o tema da morte, por exemplo, mas a morte faz parte da vida", comenta Rosely. De acordo com a psicóloga, essa é uma questão que começa a incomodar crianças mais velhas. Ela divide a infância em duas fases - até os 5, 6 anos e até os 11, 12. Sobre os da primeira fase, explica: "Elas não entendem a morte como um adulto, não têm condição de dar sentido à expressão ‘nunca mais’. Podem perguntar o que é morrer, por que morremos, se o pai e a mãe vão morrer, e ouvir como resposta, por exemplo, que a gente morre quando acaba de viver é suficiente para elas". "Aos 8, 9 anos, elas terão necessariamente uma angústia de morte, e poucas transformarão isso em patologia." Rosely diz que é tudo uma questão de paciência dos pais, que devem ouvir mais do que falar. "Conversar hoje, para os pais, significa eles falarem e os filhos escutarem. E deveria ser o oposto: ouvir as crianças para, a partir das ideias delas, dialogar."

Por isso os dois defendem que os pais observem mais a reação dos filhos enquanto eles assistem a um filme do que levantem questões. "Às vezes você está vendo uma coisa muito boa para discutir, muito óbvia, mas aquilo não está na cabeça do outro. Então, não tem por que colocar o tema em pauta. É sempre mais eficaz ver o que eles trazem para a conversa", comenta Barros. "A cena que nos preocupa pode não ter tocado a criança e se nos propusermos a discutir, podemos adiantar uma angústia. Se ela ficar quieta, deixa quieto. Além disso, às vezes não é preciso discutir um filme para que ele tenha o efeito de ajudar a criança a resolver alguma coisa. Pode ser ela com ela mesma", diz Rosely.
Para a psicóloga, teoricamente qualquer filme pode ser visto por qualquer crianças, mas cabe aos pais decidir e arcar com as consequências que, em sua opinião, são sempre leves (perguntas, um certo medo). "Se acontecer de uma criança assistir a um filme desse e ter algo mais sério, o filme foi apenas o estopim, não a causa", explica.

Ela diz acreditar nos estudos que mostram que há um potencial de agressividade que pode ser satisfeito ao ver uma cena violenta ou jogando um jogo mais agressivo no videogame, e que, portanto, isso não originaria um comportamento violento.

E tudo bem ver filmes em que brinquedos ganham vida, como Toy Story, com monstros e animais falantes, já que é neste mundo da imaginação que as crianças mais novas vivem, diz Rosely. "A maior, porém, pode fazer alguma confusão e cabe aos adultos esclarecer isso. Sempre digo que é melhor ter jogos de videogame com personagens fantásticas do que com aparência humana para facilitar a separação."

A psicóloga finaliza ressaltando que com a ajuda dos filmes é possível entender coisas que seriam mais difíceis de compreender no mundo real.

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