História

Parabéns, Terra dos Camarás

Professor fala da origem do nome e da cidade de Camaragibe

Rodrigo Farias
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Rodrigo Farias
Publicado em 12/05/2011 às 19:59
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Assim como o Brasil deve seu nome a uma planta, a cidade de Camaragibe, localizada na região metropolitana do Recife, também tem a mesma dívida. A grande quantidade do arbusto da espécie Lantana camará fez com que o município que surgia em 13 de maio de 1982 prestasse homenagem ao vegetal; tal qual o país fizera com a Caesalpinia echinata, o pau-brasil, que passa, infelizmente, por um processo lamentável de extinção.

Mas o que quero aqui é recordar alguns pontos importantes da História dessa cidade pernambucana que aniversaria na semana das mães e no mês do trabalhador. Camaragibe era sede do 2º distrito de São Lourenço da Mata, não por acaso, a Capital Nacional do pau-brasil. O povoamento da área territorial onde se encontra o município de Camaragibe teve início no século XVI; a região foi aos poucos colonizada pelos exploradores de madeira destinada à exportação. Logo depois, erigiu-se o Engenho Camaragibe que foi um dos mais prósperos da região e um dos mais antigos do país cuja casa grande serviu de palco aos cultos judaizantes do casal Branca Dias e Diogo Fernandes. O Engenho teve uma grande repercussão no período da dominação holandesa em Pernambuco. Ali funcionou uma sinagoga durante o período. Mesmo antes de Nassau, o casarão abrigou diversas reuniões do culto judaico.

Não poderia esquecer da fábrica de tecidos inaugurada em 1895, a Companhia Industrial de Pernambuco-Ciper, sob a égide do engenheiro Carlos Alberto de Menezes que, ainda no século XIX, baseado nos princípios da Encíclica Rerum Novarum, procurou desenvolver uma política corporativista, estimulando a vinda de padres salesianos para o Recife com a finalidade de preparar mão de obra com qualificação profissional para a próspera indústria têxtil nascente. Inaugurava-se por intermédio da fábrica de tecidos de Camaragibe o que atualmente é denominado responsabilidade social e empresarial, quando nem se imaginava, muito menos se cobrava, este papel de tais organizações. Tempos depois, a fábrica vai mudando o nome para Braspérola, Vivabrás...

Criava-se, destarte, a primeira vila operária da América Latina, a Vila da Fábrica, que serviu de base para o pioneirismo sindical. Carlos Alberto liderou operários de todo o Pernambuco, através da Federação Operária Cristã, reunindo 16 agremiações e quase 6 mil filiados e implantando uma experiência humanista de relações trabalhistas, baseada em valores cristãos.

Toda cidade se torna plural através dos múltiplos olhares dos seus observadores e munícipes, cada qual com os seus desejos e inquietações. Percebe-se que a cidade é palco de transformações. As reflexões sobre os tempos idos e o futuro nos permitem, a todo instante, (re)criar a nossa cidade querida . Hodiernamente, Camaragibe, com seus quase 150.000 habitantes, tem a economia baseada no setor de comércio e serviços, com destaque para a vocação turística estimulada pelo forte potencial ambiental local da Região de Aldeia. Parabéns, Terra dos Camarás pelos seus 29 anos

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