JC 100 anos

Viva o bom jornalismo

Para Laurindo Ferreira, diretor de redação do JC, credibilidade é uma construção de anos de jornalismo sério. Não se compra no mercado

Laurindo Ferreira
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Laurindo Ferreira
Publicado em 03/04/2019 às 8:44
Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
Para Laurindo Ferreira, diretor de redação do JC, credibilidade é uma construção de anos de jornalismo sério. Não se compra no mercado - FOTO: Foto: Brenda Alcântara/JC Imagem
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É muito comum para quem trabalha numa redação de jornal ser interpelado com uma pergunta por vezes difícil de responder a respeito da sobrevida dos jornais. Sobre o Jornal do Commercio, que hoje completa dez décadas de circulação impressa, costumo dizer que somos muito mais do que um jornal editado no papel. O JC, ao longo destes cem anos, transformou-se em conceito, numa ideia, um valor, presentes hoje em todas as plataformas digitais mas, com muito orgulho, uma marca de mídia impressa. Conceitos, ideias e valores como credibilidade e ética, inovação e compromisso com a comunidade não morrem tão facilmente. Não passarão.

Sobretudo nos últimos 30 anos, sob comando do Grupo JCPM e do empresário João Carlos Paes Mendonça, este JC se aliou a grandes marcas do jornalismo brasileiro. E, como marca, dividiu todo o seu prestígio dando força ao Sistema Jornal de Commercio de Comunicação (SJCC) – Rádio Jornal, TV Jornal, Portal NE10 –, hoje um respeitado hub de comunicação no País. Em defesa dos interesses de Pernambuco e do Nordeste, levantamos bandeiras, propusemos debates, contamos histórias, muitas histórias. De gente simples, de empreendedores, de visionários, de homens e mulheres que, como nós, têm orgulho de ser nordestinos.

Este caderno especial que as senhoras e os senhores terão lido – ou ainda lerão – é um pouco dessa caminhada, recontada à luz de um século de história. Mas é também uma pequena contribuição para refletirmos sobre o futuro. E, para o futuro – mesmo vivendo tempos tão incertos –, permanece a confiança em valores que, aqui, aprendemos a cultivar. Neste caderno, agora documento histórico, vale o recorte para uma frase do artigo assinado pelo presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Marcelo Rech: “Poucos, como o JC, podem ostentar que sua maior vantagem competitiva para o futuro é exatamente o passado”.

Nessa jornada do JC, que mistura passado, presente e futuro, estive presente nos últimos 25 anos, como repórter, editor e, agora, diretor de Redação, sucedendo o grande jornalista Ivanildo Sampaio, mestre de todos nós e hoje coordenador do Comitê Editorial do SJCC. Divido a tarefa com uma equipe aguerrida, profissional, comprometida, e com a inestimável ajuda das jornalistas Maria Luíza Borges, diretora de Conteúdos Digitais, e Beatriz Ivo, diretora de Jornalismo da TV e Rádio Jornal. Mais do que simplesmente “trabalho”, embarcamos, diariamente, numa aventura espetacular em busca da notícia.

Nessa aventura - isto é jornalismo - os caminhos são algumas vezes duros de percorrer. É que nós somos os olheiros e escribas mais rápidos dos acontecimentos. Entre altos e baixos. E aí lembro de uma outra frase de um amigo e articulistas deste jornal, o jurista José Paulo Cavalcanti Filho, que aliás também assina artigo nesta edição: “O JC tem todos os defeitos e todas as virtudes de um grande jornal”. Entre erros e acertos, assim são as instituições, assim é a história, assim são os homens. E assim seguimos fazendo, acertando, aprendendo, mas sempre com o compromisso e a busca pela verdade.

Em tempo de fake news – e este é o nosso tempo –, a desinformação ganha força. Com isso, o jornalismo de marca, como é o caso deste JC, vive o seu maior desafio contemporâneo. Já passamos por vários, temos sobrevivido a todos. Costumo dizer aos companheiros de Redação que só o bom jornalismo nos salvará do abismo. E esse é um desafio perene, que independe de plataforma, porque se impõe de maneira incontestável à natureza do nosso negócio: credibilidade. E credibilidade é uma construção, não se compra no mercado.

No encontro diário com nossos editores executivos, aqui na Redação – Rafael Carvalheira, Arnaldo Carvalho, Diogo Menezes, Felipe Vieira e Marcelo Pereira –, esse é um tema sempre presente, que envolve boa apuração dos fatos, reflexão sobre o que estamos fazendo, sobre como vamos fazer. É uma história acumulada de experiências de muitos profissionais que passaram por esta nossa Redação. Viva, pois, o bom jornalismo. Longa vida ao centenário e sempre jovem JC.

Laurindo Ferreira é diretor de Redação do Jornal do Commercio

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