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Editorial: Massacres nos EUA evidenciam crimes de ódio

Não é preciso muito esforço intelectual para se perceber a gravidade desse cenário, que vem ultrapassando fronteiras

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Publicado em 07/08/2019 às 7:20
Foto: Derek Myer/AFP
Não é preciso muito esforço intelectual para se perceber a gravidade desse cenário, que vem ultrapassando fronteiras - FOTO: Foto: Derek Myer/AFP
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Os recentes tiroteios nos Estados Unidos de novo deixaram atordoada a nação mais poderosa do mundo. Mas agora se trata de algo bem mais grave do que poderiam significar atos de insanidade de “lobos solitários”: os massacres estão associados a crimes de ódio espalhados nas redes sociais e compartilhados em um site de extrema-direita. O indicador de máxima gravidade desses crimes já passou da fase de teoria da conspiração: a polícia do Texas está debruçada sobre um documento do site extremista 8chan, que descreve um ataque com arma como “uma resposta à invasão hispânica do Texas”.

O autor manifesta ódio à mistura racial e sugere que os Estados Unidos deveriam ser separados em diferentes territórios para diferentes raças. No sábado, usuários do 8chan discutiram o massacre referindo-se ao atirador como “nosso cara” e elogiando o número de pessoas mortas. No domingo, o fundador do site – Fredrick Brennan, um programador que se apresentava como eugenista, defensor da “raça pura” –, disse ao New York Times que o site deveria ser fechado porque “isso não está fazendo bem ao mundo”.

O suspeito no tiroteio em uma sinagoga em Poway, Califórnia, que matou uma pessoa e feriu três, supostamente postou uma “carta aberta”, racista e antissemita no 8chan. E acredita-se que o suspeito no ataque de sábado em um Walmart lotado em El Paso, Texas, que tirou a vida de pelo menos 20 pessoas, tenha postado um discurso branco nacionalista.

Não é preciso muito esforço intelectual para se perceber a gravidade desse cenário, que está associado a outros massacres nos Estados Unidos e vem ultrapassando fronteiras. O autor da morte de 51 muçulmanos em Christchurch, na Nova Zelândia, em março deste ano, foi um supremacista branco, militante da extrema-direita que postou um discurso de ódio naquele site.

Alerta no Brasil

Não há, em nosso País, nada que possa ser associado, ainda, à psicopatia social que leva a relacionar 22 massacres nos Estados Unidos com as características dos dois mais recentes, mas quando atos de insanidade se reproduzem e começam a ser tratados como crimes de ódio abrigados nas redes sociais através do twitter é o caso de nos preocuparmos com tudo que está sendo tuitado, prestando atenção nas mais recentes tensões políticas que trazem à tona ideias malucas sempre vindas de várias matizes ideológicas de divisão do nosso País.

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