Quando dezembro chegar, Recife estará mais bem iluminada, com a ligação de quatro mil novos pontos em LED – um sistema tão eficiente de emissão de luz que deu a seus inventores, três cientistas japoneses, o Prêmio Nobel de Física em 2014. Bastaria o propósito e a sua dimensão para merecerem o reconhecimento, mas o presidente da Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife, Roberto Gusmão, adiciona um componente: “Nosso foco tem sido sistematicamente direcionado ao pedestre. As faixas de rolamento vão ser muito bem iluminadas para que a gente possa ter sobra de energia para iluminar parte das calçadas”. Esse trabalho é uma contribuição de grande importância para uma exigência básica da cidadania: a segurança pública.
CIDADE-LUZ
Assim é vista historicamente a iluminação pública, desde quando no século 17 a administração de Paris ordenou a colocação de luzes nas janelas das casas, voltadas para as ruas. Paris é conhecida como “cidade-luz”, mas a origem da farta iluminação era a segurança, como se tem hoje como uma constatação inquestionável: a marginalidade se alimenta, entre outras coisas, da escuridão urbana, e não será ocioso pretender em futuro próximo uma pesquisa subsequente ao trabalho de melhor iluminação de áreas como as avenidas Mascarenhas de Morais e Abdias de Carvalho para se verificar os índices de criminalidade antes e depois.
O mesmo procedimento pode ser adotado na verificação de outras áreas de maior concentração populacional, onde há mais notívagos – como no litoral, onde há mais bares, clubes e vida noturna e onde há mais tempo já se percebeu a necessidade de melhor iluminação. Essa iniciativa elementar em matéria de política urbana vai chegar até em trechos urbanos da BR-101, da Guabiraba ao Curado, tornando parte expressiva de nossa capital mais bonita, mais segura e, também, administrativamente mais racional, com a substituição de lâmpadas a vapor de sódio.
Esse avanço nos permite desejar transplantar ambiciosamente para nossa capital considerações de Tiago André Gomes, em mestrado na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto: “Paris reserva as suas especificidades arquitetônicas e urbanísticas no Plano Diretor de Iluminação Pública, resultando na implementação do uso da luz de modo a contemplar indistintamente centro e periferia, conseguindo com isso a construção de um patrimônio emocional e simbólico da cidade por meio da luz”.
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