TRANSPORTE PÚBLICO

Editorial: O metrô é indispensável e não pode parar

As 77 panes do metrô do Recife anotadas neste ano são sinais de que o sistema se aproxima perigosamente do colapso

JC Online
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Publicado em 29/08/2019 às 7:32
Foto: Diego Nigro/Acervo JC Imagem
As 77 panes do metrô do Recife anotadas neste ano são sinais de que o sistema se aproxima perigosamente do colapso - FOTO: Foto: Diego Nigro/Acervo JC Imagem
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A paralisação por 33 horas de uma linha que transporta 250 mil passageiros por dia e as 77 panes do sistema anotadas neste ano são sinais de que o metrô do Recife se aproxima perigosamente do colapso. Trata-se de um cenário impensável do qual decorre a pergunta em que está contido um cataclismo: o que será do Grande Recife sem o metrô, se nossa capital foi eleita como o pior trânsito do Brasil e figura entre os 10 mais caóticos do mundo, de acordo com a edição 2018 do ranking Traffic Index? Se assim é quando contamos com o mais eficiente transporte de massa em qualquer grande centro urbano, sem ele passaríamos ao primeiríssimo lugar, instalando-se o caos com a obstrução de todos os corredores de circulação de ônibus e automóveis, incapazes de atender a centenas de milhares de pessoas em movimento diariamente, travando comércio, indústria e prestação de serviços na região metropolitana.

Não é possível imaginar-se que servidores públicos e população desconheçam a evidência de que não dá mais para pensar a capital e seu entorno metropolitano sem o serviço do metrô. Contudo, as mais recentes panes apontam para causas previsíveis, associadas a problemas operacionais, sucateamento financeiro e vandalismo, fatores que podem ser constatados, medidos e impedidos por mecanismos de manutenção indispensáveis no caso de um serviço público dessa envergadura, com tanta urgência e necessidade coletivas.

A população se torna um dos protagonistas principais desse problema quando ocorre o roubo de cabos ou - como constatou a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) - uma rede de pesca teria sido a causa da mais recente paralisação do sistema. Da mesma forma se faz protagonista o poder público quando o sistema metro-ferroviário fica sem recursos para despesas básicas. 

É claro que vandalismo, irresponsabilidade ou, até, em grau extremo, terrorismo, são atitudes de difícil monitoramento, mas dada a complexidade de um serviço público como o metrô ou qualquer outro transporte coletivo também é preciso trabalhar-se com essas hipóteses, o que implica na previsão de ações preventivas e atitudes cirúrgicas meticulosas para impedir ou corrigir doenças urbanas de tamanha gravidade, cujos sintomas mais visíveis já estão diagnosticados como problemas operacionais e financeiros.

TRANSPORTE INDISPENSÁVEL

O fundamental é o entendimento evidente de que a população metropolitana do Recife não pode ser paralisada por omissão do poder público, que deve assegurar os recursos para o funcionamento e a manutenção de um sistema rigorosamente indispensável. A simples admissão de um colapso desse serviço é uma demonstração de incompetência que não pode prosperar, sob pena de danos sociais mais graves, como aconteceram nas jornadas de 2013 em todo o País em decorrência, apenas, do aumento das tarifas de transportes públicos.

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