“A superlotação gera o desconforto e insatisfação. O excesso de adolescentes causa temor de rebelião e leva à prática de violência”, analisou o promotor da Infância do Cabo, Allison Carvalho.
O promotor confirma que há projetos de educação e atividades artísticas e culturais, mas há poucos de caráter profissionalizante. “Também falta um atendimento na saída desse jovem da unidade. Ele é entregue à sociedade e não tem um acompanhamento externo. Ele entra num sistema sem infraestrutura e quando sai, não tem perspectivas. Isso faz com que os adolescentes voltem a praticar atos infracionais”, acrescentou Carvalho.
A falta de ressocialização dos adolescentes, aponta o promotor, é fruto da falta de políticas voltadas para o adolescentes infratores dentro das unidades. Não há concurso público para os agentes socioeducativos. O fato é comprovado pelo agente Airton Pessoa da Silva, que atua no Cabo. São cerca de 1,5 mil agentes. “Todos os contratos são temporários, com vínculo precário e direitos negados, como risco de vida e adicional noturno”, disse Carvalho.