O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu na tarde desta quinta-feira (4) a 32ª sessão do julgamento do mensalão. O ministro revisor, Ricardo Lewandowski, vai analisar a acusação de corrupção passiva contra o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. O ministro relator, Joaquim Barbosa, votou pela condenação de Dirceu e concordou com a afirmação do Ministério Público de que o ex-ministro era o mentor do esquema.
Lewandowski deve divergir do relator em relação a Dirceu. O revisor do processo já votou na quarta-feira (3) pela absolvição do ex-presidente do PT José Genoino, por entender não haver provas de que ele tenha praticado o crime. Até mesmo a assinatura de Genoino em um dos empréstimos tidos como fraudulento foi minimizada pelo revisor, que a tratou como um "aval moral".
A tese de que não há provas é usada pela defesa de Dirceu. Restariam apenas depoimentos, principalmente do presidente do PTB, Roberto Jefferson. Lewandowski, porém, já minimizou as declarações do presidente do PTB em relação a Genoino porque em juízo ele teria prestado um depoimento "vago".
O relator do processo anunciou que vai fazer uma réplica ao voto de Lewandowski. Barbosa citou em seu voto encontros de Dirceu com o empresário Marcos Valério e outros condenados no processo para mostrar que há evidências da participação do ex-ministro tanto na captação dos empréstimos quanto nas ordens de pagamento a parlamentares para comprar apoio no Congresso Nacional.
Se o embate entre o relator e o revisor não se estender muito, é possível que outros ministros comecem a se manifestar ainda sobre este capítulo da denúncia. A primeira será a ministra Rosa Weber, que tem menos tempo de tribunal. Antes do início da sessão, o STF também foi afetado pelo apagão que deixou várias regiões de Brasília sem energia elétrica. O tribunal acionou um gerador para manter a energia elétrica no prédio.