Investigação

Caruaru, um mês em polvorosa com a Operação Ponto Final

Município procura tirar lições do episódio envolvendo dez dos seus 23 vereadores, acusados de cobrar propina para aprovar projetos do Executivo

Pedro Romero
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Pedro Romero
Publicado em 19/01/2014 às 6:30
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CARUARU – Há um mês os moradores desta cidade do Agreste pernambucano acordaram perplexos com a prisão de dez dos seus 23 vereadores. A Operação Ponto Final, desencadeada na madrugada do dia 18 de dezembro, pela Polícia Civil de Pernambuco, trouxe à tona, de acordo com a investigação, um esquema de cobrança de propina cuja história mais lembra o enredo de um filme policial.

Considerada a mais importante cidade do interior pernambucano, a Capital do Forró virou destaque negativo no noticiário nacional. O assunto ainda é debatido nas ruas e nos meios de comunicação e tem sido tema para professores e religiosos.

Professor de História do campus da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) em Caruaru, José Urbano é um dos que têm falado sobre o tema em sala de aula. Para ele, num primeiro momento as pessoas se sentiram frustradas, mas cientes de que é possível tirar muitas lições do fato.

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ponto final crono

“Uma delas é que há uma mudança positiva, com políticos sendo presos. Outro vínculo que fazemos em sala de aula é com as manifestações de rua que aconteceram no País no ano passado”, destacou o professor da UFPE.
José Urbano também enfatiza para os alunos o papel da imprensa neste tipo de caso, que ele considera fundamental para a divulgação e elucidação dos crimes.

Já o padre Bianchi Xavier usa os fatos que estão acontecendo com os vereadores de Caruaru para alertar os fieis sobre como as pessoas não devem deixar se levar pela ganância e pelo poder. “Abordei o assunto em um programa de rádio e lamentei. Infelizmente, o povo se sentiu traído. Também foi uma surpresa para mim, pois conheço muitos deles”, afirmou o pároco.

Na opinião do cantor, compositor e presidente da Academia Caruaruense de Cultura, Ciências e Letras, Onildo Almeida, autor da música Feira de Caruaru, os principais responsáveis por esse tipo de comportamento são os partidos políticos. “Quando um partido busca componentes para formar seus quadros não há nenhuma investigação. Eles não procuram o passado de cada um. Os partidos simplesmente admitem e elegem. Acho que esse mal deve ser cortado pela raiz”, protestou.

Para o vice-prefeito de Caruaru, Jorge Gomes (PSB), o que está acontecendo na Câmara de Vereadores é lamentável. “Caruaru está sendo vista de forma negativa, espero que a justiça seja feita”, resumiu o socialista.
Presidente da Câmara de Vereadores entre 2010 e 2012, o ex-vereador Lícius Cavalvanti (PCdoB) acha que o Executivo municipal também é responsável pelo que está acontecendo no Legislativo do município.

“A cidade tem oligarquias, o coronelismo, que não aceitaram o movimento de independência da Câmara. Quebramos a subordinação e eles lutaram para que eu não fosse reeleito. Traçaram caminhos errados e deu nisso que está aí”, disse.

Na opinião do presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Caruaru, Milton Manoel, esses fatos vão marcar a história da cidade por vários anos. Segundo ele, o caso não é simples e deve ser mais bem investigado, pois outros crimes também podem ter acontecido. “Nós, por exemplo, denunciamos a votação do projeto da licitação dos transportes públicos. Para evitar essas coisas, é preciso que o cidadão comum comece a acompanhar a Câmara mais de perto”, colocou.

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