BRASÍLIA - Sem as presenças da deputada Luiza Erundina (PSB-SP) e de Roberto Amaral, ex-presidente do partido – ambos contrários ao apoio ao presidenciável Aécio Neves (PSDB) –, a nova Executiva Nacional do PSB foi eleita ontem por aclamação e sem contratempos. Com o pernambucano Carlos Siqueira na presidência, o novo comando recebeu a homologação dos dirigentes em pouco mais de uma hora de reunião no Salão Vermelho do Hotel Nacional, em Brasília. Após capitanear o apoio da sigla ao PSDB no segundo turno, os socialistas pernambucanos emplacaram nomes para sete dos 38 cargos executivos da sigla. Além da presidência, a maioria das funções chaves da legenda ficaram com membros do PSB estadual.
Pela primeira vez numa posição de destaque, o governador eleito, Paulo Câmara (PSB), ocupa a primeira vice-presidência. O primeiro secretário nacional é o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB). O governador João Lyra ficou com a vice-presidência para relações federativas. O senador eleito Fernando Bezerra Coelho ficou com a vice-presidência das relações parlamentares.
Isolado desde a morte do ex-governador Eduardo Campos, de quem era fiel escudeiro, o ex-vice-prefeito do Recife Milton Coelho é um dos secretários especiais. Ele é mais próximo a Siqueira que do grupo de Geraldo e Paulo. Pernambuco também terá Dora Pires como secretária nacional da mulher.
Na coletiva, Siqueira fez questão de afirmar que retomou o relacionamento cordial com a ex-presidenciável Marina Silva, com quem havia se desentendido quando ela foi indicada para substituir Eduardo na chapa presidencial.
Sobre Amaral, ele fez questão de frisar que mesmo aqueles que discordaram do apoio a Aécio, como a senadora Lídice da Mata (PSB-BA), estão na nova Executiva. “Só não integram aqueles que não quiseram integrar”, disse, demonstrando o isolamento do ex-presidente da sigla, um socialista histórico.
Siqueira rechaçou a especulação de que o PSB estaria negociando ministérios num eventual governo de Aécio – levantada, inclusive, em nota divulgada por Amaral. “Não trataremos de cargos e ocupações. Isso não nos caracteriza”, afirmou.
Com a “aliança circunstancial”, como definiu, com o PSDB no segundo turno, Siqueira afirmou, ainda, ser “natural” que o PSB faça parte da base aliada de Aécio, caso eleito, ou continue na oposição ao PT, em sendo reeleita a presidente Dilma Rousseff. “Me parece natural que quem apoie na eleição, também apoie como base parlamentar. E somos oposição desde que deixamos o governo da presidente Dilma. Natural que continuemos”, avaliou.
Num discurso de seis páginas, Siqueira colocou o PSB no campo do “socialismo democrático”. Após o evento, em entrevista coletiva, porém, ele afirmou que é preciso acabar com o maniqueísmo da direita e esquerda. “O maniqueísmo, do nós contra eles, é da natureza do autoritarismo. Fizemos uma opção clara, somos críticos a um e outro. Temos nossas diferenças, mas não podíamos nos omitir diante de um momento crucial para o País”, pontuou.