A defesa de Leonardo Meirelles, que foi sócio do doleiro Alberto Youssef, disse que vai pedir a anulação da delação premiada do doleiro.
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"Provavelmente vamos pedir [a anulação] nas alegações finais", disse o advogado Haroldo Nater, nesta terça-feira (3), na sede da Justiça Federal, em Curitiba, depois do depoimento do seu cliente ao juiz Sergio Moro.
Em entrevista à Folha de S.Paulo no domingo (1º), Meirelles disse que Youssef não declarou todo seu patrimônio no acordo de delação. Segundo ele, o doleiro tem patrimônio de R$ 150 milhões a 200 milhões, e não cerca de R$ 50 milhões, como está no acordo.
Questionado sobre provas dessa ocultação, Nater disse que já foram entregues documentos à Justiça que mostram a relação de Youssef com as empreiteiras. "É só fazer a conta", disse, sobre a movimentação financeira de Youssef.
O advogado, porém, não falou em valores, mas acusou o doleiro de "viver uma vida repleta de crimes".
Para Nater, Youssef estaria "ocultando" e "inventando" fatos para obter benefícios de pena.
"Estão sendo omitidos fatos que são relevantes para o esclarecimento de toda a podridão que acontece no país de forma generalizada, e algumas pessoas estão sendo beneficiadas", disse.
O advogado disse também não estar arrependido de não ter firmado um acordo de delação com o Ministério Público. "Ele [Meirelles] não fez delação em troca de benefício. Fez confissão. Sob o ponto de vista da dignidade é muito mais digno confessar os delitos, sem trocar por benefícios. A delação é um instituto cheio de vícios de natureza constitucional."
ORQUESTRAÇÃO
O advogado de Youssef, Antônio Figueiredo Basto, disse que há uma "orquestração" para derrubar a delação premiada do doleiro. "Vão fazer mil vezes isso. Estão colocando esse moço [Meirelles] para mentir, mas não vão conseguir."
Para ele, Meirelles precisa apontar "onde está o dinheiro e quem pagou" para provar suas acusações.