No aguardo do registro do seu partido, o Rede Sustentabilidade, a ex-senadora e ex-ministra Marina Silva (ainda PSB) afirmou, na manhã desta terça-feira (26), que a nova legenda ainda não traçou um plano estratégico para disputar as eleições municipais do próximo ano. Segundo ela, o debate no partido será ideológico. Marina esteve no Recife para solenidade no Palácio do Campo das Princesas.
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"Nós estamos preocupados com o conteúdo, e nesse momento não estamos ainda com esse olho puramente focado em eleição", declarou. A ex-ministra afirmou que já terminou o trabalho de coleta de 55 mil assinaturas para solicitar o registro do partido ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Nossos advogados estarão em breve entrando com o pedido de registro para que a gente possa se tornar um partido legalmente estabelecido. Nós já somos um partido de fato. Nós já temos diretório na maioria das unidades da federação, em vários municípios. É só uma questão de tempo. Nós teremos um novo julgamento e acredito que dessa vez teremos o resgistro da Rede Sustentabilidade", acrescentou.
"Nós sabemos que terão algumas capitais que até poderemos ter uma candidatura, em outras poderemos apoiar candidaturas que são compatíveis com nosso programa. Nossas alianças serão sempre alianças programáticas. Não vamos fazer questão de crescer por crescer. Nós queremos que a Rede tenha um crescimento com qualidade", explicou.
Marina, que concorreu à presidência no ano passado, após a morte do ex-governador Eduardo Campos, afirmou, ainda, que não pensa em uma futura candidatura. "Essa discussão no momento não está posta. Eu não estou na cadeira cativa de candidata. Eu não fico nesse lugar. Eu quero poder discutir o que é melhor para o Brasil. Nesse momento eu estou embuída de contribuir para o que a gente tem de melhor para melhorar a qualidade da política e da representação, e que a Rede é uma das ferramentas, com certeza não será a única. temos que ter a humildade de reconhecer que esse é um momento muito grave, de profunda crise política, econônica, social e principalmente de valor", disse.
CRÍTICAS
Marina também criticou o governo federal e a crise pela qual o País atravessa. A ex-ministra questionou o corte de recursos anunciado na semana passada. "As medidas não teriam que ser tão duras. A falta de credibilidade faz com que as medidas sejam mais duram do que seriam. O ajuste é necessário, e nós tivemos a coragem de dizê-lo ainda na campanha", declarou. "Quando era para reconhecer a crise, não reconheceu. Ganhou uma eleição dizendo que era tudo maravilhoso e quem fazia qualquer alerta era chamado de pessista. E agora está aplicando o remédio muito doloroso na sociedade", completou.
ESTADO
Antes da solenidade, Marina Silva reuniu-se com o governador Paulo Câmara. A conversa girou em torno do cenário político nacional e a fusão do PSB com o PPS. "Nós respeitamos a discussão que está sendo feita por esses dois partidos. Nossa atitude é de respeito. Sabemos que eles têm ponto de contato e que estão fazendo desses pontos de contato a razão para essa fusão. É uma discussão que cabe ao PSB e ao PPS", afirmou.
"Marina hoje está preocupada na construção do partido dela, do Rede Sustentabilidade, e respeita esse processo de discussão da fusão do PSB com o PPS. Agora, eu deixei muito claro para ela a posição de Pernambuco. Já foi defendida com o diretório nacional, que não é o momento ainda de fazer a fusão e de aguardar mais frente retomar essa discussão", disse Paulo Câmara sobre a conversa.
"Marina tem uma visão crítica do País com relação ao que está sendo feito e nós concordamos em muitos aspectos. Nós acreditamos que o Brasil precisa reagir rapidamente e buscar garantir investimentos e diminuir o crescimento do desemprego, que está crescendo muito rápido. Pernambuco tem sido o Estado mais afetado com a desmobilização de obras federais, principalmente no entorno de Suape", acrescentou o governador.
Ainda segundo o governador, uma aliança PSB-Rede ainda não está sendo discutida. "Essa é uma discussão mais a frente. Aqui em Pernambuco, a gente está muito alinhado com a Rede Sustentabilidade. As pessoas que pensam, muitas estão participando do nosso governo. A gente espera mais para a frente, estarmos todos juntos em 16, nas discussões das eleições municipais", explicou.