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Dilma Rousseff quer acelerar decisão sobre processo de impeachment

A presidente discursou em uma cerimônia com funcionários do setor da saúde que se converteu em um ato político

Da AFP
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Publicado em 04/12/2015 às 15:46
Foto: EVARISTO SA/AFP
A presidente discursou em uma cerimônia com funcionários do setor da saúde que se converteu em um ato político - FOTO: Foto: EVARISTO SA/AFP
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A presidente Dilma Rousseff quer acelerar o procedimento de impeachment iniciado contra ela no Congresso, preocupada com a falta de governabilidade e com a tempestade que o país atravessa.

"Pela saúde da democracia, temos de defendê-la contra o golpe", disse nesta sexta-feira a presidente, alvo de um julgamento político autorizado há dois dias pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

A presidente discursou em uma cerimônia com funcionários do setor da saúde que se converteu em um ato político. "Não ao golpe" e "Fora Cunha" foram alguns dos gritos lançados pelos presentes, que também levaram cartazes com a frase "Fique Dilma".

"Não tem fundamento o processo do meu impedimento", disse Dilma. "Vou fazer a defesa de meu mandato com todos os instrumentos previstos em nosso Estado democrático de direito", afirmou.

Dilma não foi envolvida diretamente em atos de corrupção, mas um grupo de juristas pediu para que ela fosse submetida a um julgamento político por autorizar gastos públicos adicionais sem permissão prévia do Congresso.

O pedido foi admitido por Cunha que, por sua vez, é investigado por esconder em bancos suíços dinheiro proveniente do milionário esquema de corrupção descoberto neste ano na Petrobras.

 

Uma corrida

Ministros, legisladores e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram mobilizados para acelerar um processo que pode levar vários meses, justamente quando o Brasil caminha em direção a sua maior recessão em 85 anos e Dilma tem uma popularidade de 10%, apenas onze meses depois de ter iniciado seu segundo mandato.

"Temos que resolver isso já", disse Lula, que junto a vários líderes governistas quer suspender o tradicional recesso do Congresso que se estende de 22 de dezembro a 1 de fevereiro.

O governo está confiante. Acredita que contará com os 172 votos exigidos para impedir que o plenário da Câmara consiga afastar Dilma do cargo e iniciar o julgamento de destituição.

Líderes da oposição, por sua vez, deram sinais de que não têm maioria. No entanto, calculam que quanto mais o tema se estender, maior será o desgaste de Dilma, já que o horizonte econômico está cada dia mais complicado e é previsível que comecem protestos nas ruas.

"Fazemos agora o carnaval do impeachment e depois fazemos o impeachment propriamente dito", declarou o deputado opositor Rodrigo Maia, para quem a votação do julgamento deve ser realizada a partir de fevereiro.

 

Prováveis manifestações

A pressão da opinião pública é um fator chave, e tanto os partidários de Dilma quanto seus adversários sabem que isso pode fazer muitos legisladores mudarem de posição.

"É muito provável que sejam convocadas manifestações para pressionar o Congresso a votar pelo impeachment", estimou Rubens Figueredo, professor de ciência política da Universidade de São Paulo, em declarações à AFP.

"A demora de todo este processo conspira contra a economia e a piora da economia é ruim para o governo", acrescentou.

A central sindical CUT convocou o apoio a Dilma nesta sexta-feira em Brasília. Ao mesmo tempo, vários grupos que criticam a economia planejam manifestações para o dia 13 de dezembro, domingo.

O Brasil carrega na memória as gigantescas mobilizações populares de 1992 ao longo de seu território que acabaram forçando o presidente Fernando Collor a renunciar apenas algumas horas antes de o Senado se reunir para votar sua destituição por corrupção.

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