Economia

Noticiário sobre delação de Delcídio predomina e dólar recua 2,07%

A notícia teve forte repercussão nos negócios desde cedo e alimentou as apostas no afastamento da presidente Dilma Rousseff

Do Estadão Conteúdo
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Publicado em 03/03/2016 às 19:45
Foto: Waldemir Barreto/ Agência Senado
A notícia teve forte repercussão nos negócios desde cedo e alimentou as apostas no afastamento da presidente Dilma Rousseff - FOTO: Foto: Waldemir Barreto/ Agência Senado
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O dólar teve nesta quinta-feira (3), sua quarta queda consecutiva, determinada quase que exclusivamente pelo noticiário político. Influenciados pelos mais recentes desdobramentos da Operação Lava Jato, os investidores desmontaram posições compradas em dólar e a moeda americana terminou o dia em baixa de 2,07%, cotada a R$ 3,8102 no mercado à vista, menor cotação desde 10 de dezembro. 

A notícia de que o senador Delcídio Amaral (PT-MS) fechou um acordo preliminar de delação premiada foi o principal acontecimento do dia e ofuscou todo o restante do noticiário, inclusive as oscilações dos preços do petróleo. Ao grupo de trabalho da Procuradoria-Geral da República na Operação Lava Jato, Delcídio Amaral teria citado vários nomes, entre eles o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O senador também teria detalhado os bastidores da compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras, entre outros assuntos.

A notícia teve forte repercussão nos negócios desde cedo e alimentou as apostas no afastamento da presidente Dilma Rousseff A possibilidade de saída da presidente agrada ao mercado, que vê na troca de governos a chance de solução dos impasses políticos que vêm impedindo o avanço das medidas de ajuste fiscal no País. 

Nos depoimentos, Delcídio teria afirmado, entre outras coisas, que partiu do ex-presidente Lula a ordem para que ele tentasse convencer Nestor Cerveró a não implicar José Carlos Bumlai numa eventual delação premiada. Delcídio também teria apontado três supostas tentativas de Dilma Rousseff de interferir na Lava Jato e citado "movimentação sistemática" do então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da própria presidente para "promover a soltura de réus presos na operação". 

Agora advogado-geral da União, Cardozo fez uma dura crítica à delação premiada de Delcídio. Ele acusou o senador de ter mentido na suposta delação e ter construído sua tese de delação por "vingança para sair da prisão".

O fato é que o noticiário estimulou o ingresso de investidores nos mercados de ações e renda fixa, com reflexos no câmbio. Com o movimento forte de queda, investidores "comprados" em dólar zeraram posições para interromper suas perdas, outro fator que aprofundou a desvalorização da moeda americana. Na mínima do dia, a divisa chegou a ser negociada por R$ 3,7793 no mercado à vista (-2,87%).


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