VAZAMENTO

Principais revelações dos 'Panama Papers'

Investigação de mais de 100 meios de comunicação mostra os vínculos de algumas das pessoas mais poderosas do mundo com empresas em paraísos fiscais

Da AFP
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Publicado em 04/04/2016 às 9:23
Foto: RODRIGO ARANGUA / AFP
Investigação de mais de 100 meios de comunicação mostra os vínculos de algumas das pessoas mais poderosas do mundo com empresas em paraísos fiscais - FOTO: Foto: RODRIGO ARANGUA / AFP
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Líderes mundiais, astros do cinema, atletas e dezenas de multimilionários foram citados nos "Panama Papers", uma lista sobre vínculos com paraísos fiscais que pode ser o maior vazamento da história.

Cobrindo 40 anos de e-mails, registros financeiros e detalhes de passaportes, uma investigação de mais de 100 meios de comunicação mostra os vínculos de algumas das pessoas mais poderosas do mundo com empresas em paraísos fiscais.

Abaixo algumas das principais revelações baseadas em documentos que procediam da empresa Mossack Fonseca, baseada no Panamá:

- Bancos, companhias e pessoas próximas ao presidente russo Vladimir Putin colocaram 2 bilhões de dólares em empresas de fachada. O Kremlin acusou o Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ) de lançar um falacioso "ataque informativo".

- O primeiro-ministro da Islândia, Sigmundur David Gunnlaugsson, e sua esposa utilizaram uma offshore, Wintris Inc., para esconder milhões de dólares de investimentos em três grandes bancos durante a crise financeira. Gunnlaugsson negou, mas enfrenta uma moção de censura nesta semana.

- Dois líderes que construíram sua reputação em sua aposta pela transparência - o presidente chinês Xi Jinping e o primeiro-ministro britânico David Cameron - têm vínculos familiares com algumas das pessoas que aparecem na lista.

- Outros líderes mundiais e seus parentes, incluindo o presidente argentino Mauricio Macri - que negou ter ou ter tido bens em paraísos fiscais -, o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, o rei da Arábia Saudita, os filhos do presidente do Azerbaijão e os do primeiro-ministro paquistanês também possuem ou possuíram empresas de fachada.

- Mossack Fonseca trabalhou com ao menos 33 pessoas e companhias na lista negra de Washington por seus vínculos com senhores da guerra mexicanos, organizações terroristas e Estados pária como a Coreia do Norte. Uma delas vendeu combustível para aviões que, segundo os Estados Unidos, o regime sírio utilizou para bombardear seus próprios cidadãos.

- Entre os clientes da empresa estão incluídos fraudadores, reis do narcotráfico, fraudadores fiscais e inclusive um empresário americano condenado por viajar à Rússia para manter relações sexuais com menores órfãos e que assinou os documentos para criar uma offshore a partir da prisão.

- Os documentos também identificam um lavador de dinheiro (um americano que teve um pequeno papel no escândalo do Watergate), 29 multimilionários da lista Forbes, o astro de filmes de artes marciais Jackie Chan ou o diretor de cinema espanhol Pedro Almodóvar.

- Um membro do comitê de ética da Fifa, Juan Pedro Damiani, tem vínculos empresariais com três homens listados como clientes da Mossack Fonseca.

- O melhor jogador de futebol do mundo, Lionel Messi, e seu pai estão acusados de possuir uma empresa fantasma, Mega Star Enterprises, até agora desconhecida pela justiça espanhola, que investigava ambos por um caso de evasão fiscal.

- O ex-presidente da Uefa Michel Platini, suspenso durante seis anos por receber um pagamento de mais de 2 milhões de dólares do presidente Sepp Blatter, recorreu à Mossack Fonseca para que o ajudasse a administrar uma empresa de fachada criada no Panamá em 2007.

- Mais de 500 bancos, entidades subsidiárias e filiais trabalharam com esta empresa legal desde 1970 para ajudar seus clientes a administrar empresas fantasma. A UBS, por exemplo, estabeleceu mais de 1.100, e o HSBC e suas filiais mais de 2.300.

BRASIL - Segundo o jornal O Estado de S.Paulo, algumas empresas eram até agora desconhecidas da operação Lava Jato, iniciada em 2014 pelo juiz Sérgio Moro, que revelou uma rede de corrupção de licitações manipuladas e de financiamento de campanhas políticas ao redor da Petrobras. Na lista aparece uma empresa que segundo um delator do esquema de corrupção na Petrobras pertence a Eduardo Cunha, o presidente da Câmara dos Deputados, mas nenhum documento tem sua assinatura, de acordo com as informações do UOL, do O Estado de S.Paulo e da Rede TV, os três integrantes brasileiros da investigação internacional dos "Panama Papers".

Em um comunicado, Cunha negou com veemência as versões e "desafiou" qualquer pessoa a provar que tem relação com alguma empresa "offshore".

Possuir uma empresa em um paraíso fiscal não é uma prática ilegal desde que seja devidamente declarada à Receita Federal. Sua natureza, no entanto, pode facilitar atos ilegais ao dificultar que as autoridades identifiquem seus verdadeiros donos.

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