Depoimento

''Exigência de quem doa'', diz Tarso Genro sobre caixa 2 à Lava Jato

Tarso Genro defendeu Lula e disse que ele não poderia ser o chefe do esquema criminoso que se instalou na Petrobras nem se quisesse

Editoria de Política
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Publicado em 17/02/2017 às 9:05
Foto: Gustavo Gargioni/ GERS
Tarso Genro defendeu Lula e disse que ele não poderia ser o chefe do esquema criminoso que se instalou na Petrobras nem se quisesse - FOTO: Foto: Gustavo Gargioni/ GERS
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O ex-ministro da Justiça, da Educação e de Relações Institucionais durante o Governo Lula, o advogado Tarso Genro (PT) disse em depoimento à 13ª Vara Federal de Curitiba, nesta quinta-feira (17), que o sistema de caixa dois e o não registro de contribuições para campanhas eleitorais eram uma prática comum em processos eleitorais e devem ter acontecido em todos os partidos como “exigências de quem doa, e não de quem recebe”. De acordo com informações do O Globo, o ex-ministro afirmou que a prática ocorria por exigência das empresas doadoras, que não queriam vincular seus nomes às campanhas.

Testemunha de defesa do ex-presidente Lula, que é réu em ação penal da Operação Lava Jato por causa do apartamento do Guarujá, o ex-ministro defendeu o companheiro afirmando que assim como ele, o ex-presidente também deve ter instruído seus tesoureiros a não fazerem a transação. “Nas minhas eu tenho certeza que isso não ocorreu porque, formalmente, eu orientava os meus tesoureiros para que não fizessem. E tenho certeza que o presidente Lula também sempre deu essa orientação”, relatou. Genro chegou a creditar a culpa pelo caixa dois aos tesoureiros de campanha, afirmando que eles que devem se responsabilizar pelo procedimento. 

Tarso Genro afirmou que Lula não pode ser o chefe do esquema criminoso que se instalou na Petrobras. Para ele, nenhum presidente poderia. “O presidente não se relaciona diretamente com as bases intermediárias da administração pública e não se relaciona com o circuito através do qual se realizam, eventualmente, atividades desse tipo. O presidente Lula, eu tenho certeza que não fez isso por honra e convicção. Se algum outro quis fazer, não o fez por impossibilidade política ou material”, defendeu.

 

Apartamento do Guarujá 

Desde setembro do ano passado, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é réu em ação penal da Operação Lava Jato sob a acusação de ter recebido vantagens indevidas da construtora OAS. Para os promotores do Ministério Publico Federal, a transação se deu através de contratos com a Petrobras, a partir da compra e reforma de um apartamento tríplex no Guarujá, litoral de São Paulo, e do transporte e armazenamento de objetos que o presidente retirou do Palácio Alvorada ao fim de seu mandato . As acusações são de que R$ 3,7 milhões em propinas foram pagas a Lula.

O ex-presidente responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro também é réu em outro processo relacionado à Lava Jato na Justiça Federal do Paraná, que envolve a compra de um terreno para a construção da nova sede do Instituto Lula e um imóvel vizinho ao apartamento do ex-presidente, em São Bernardo do Campo.

As oitivas com as testemunhas de defesa devem se estender até março deste ano. Ao todo, 70 pessoas incluindo outros réus que respondem à esta mesma ação penal, foram arroladas.

 

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