Lula diz a juiz que não sabe quanto ganha mensalmente

Pela primeira vez interrogado como réu da Operação Lava Jato, nesta terça-feira (14), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre o ex-senador Delcídio do Amaral, disse desconhecer o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró e agradeceu pela imparcialidade do juiz Ricardo Leite, na 10ª Vara Federal de Justiça. Questionado sobre os seus rendimentos mensais, Lula estipulou que seriam cerca de R$ 6 mil pela aposentadoria e em torno de R$ 30 mil recebidos por conta das palestras ministradas pela LILS. Todos os valores, segundo o ex-presidente, seriam estimativas. "Podem chegar aos R$ 50 mil, estou chutando, não sei", declarou.

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Ainda conforme o petista, os dados da acusação feita pelo ex-senador Delcídio Amaral contra ele são "falsos" e não entende qual foi o objetivo do ex-senador ter contado tantas "inverdades". Ele insinuou que Delcídio teria firmado o acordo de delação apenas para sair da cadeia e jogar a culpa "nas costas" dos outros.

Lula negou que tivesse interesse de impedir que o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró firmasse acordo de delação premiada. "Só tem um brasileiro que poderia ter medo do depoimento do Cerveró, que é o Delcídio. Ele já tinha convivência com Cerveró antes do meu governo. Todo mundo sabia da relação histórica dos dois", contou o ex-presidente.

Sobre os rendimentos mensais, Lula preferiu deixar que os advogados de defesa, depois, enviassem os dados ao juiz."Depois o advogado manda para o senhor o total de rendimentos. Eu mando por escrito. Pode chegar a R$ 50 mil, estou chutando, eu não sei. Tem doações dos meus filhos”, disse.

Prisão

O interrogatório de Lula começou por volta das 10h10. Esta é a primeira vez que o ex-presidente é questionado em juízo como réu em ação penal relacionada à Operação Lava Jato. O petista é acusado de ser o mandante da tentativa de compra do silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, o qual disse desconhecer e não ter mantido qualquer tipo de relação.

O ex-presidente ainda admitiu temer a prisão e afirmou ser vítima de um 'massacre'. "O senhor sabe o que é levantar todo dia achando que a imprensa está na porta da minha casa porque eu vou ser preso? (...) Nos últimos anos tenho sido vítima quase de um massacre", lamentou ao juiz.