LAVA JATO

Lula e Dilma sabiam de pagamento via caixa 2, diz João Santana em delação

Enquanto presidente, segundo o depoimento, Dilma ainda teria recebido pedido da Odebrecht para frear a Lava Jato

JC Online
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Publicado em 11/05/2017 às 15:37
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Enquanto presidente, segundo o depoimento, Dilma ainda teria recebido pedido da Odebrecht para frear a Lava Jato - FOTO: Foto: AFP
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O ex-marqueteiro petista João Santana alegou, em delação premiada firmada com o Ministério Público, que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff sabiam que as dividas da campanha de 2010 seriam pagas via caixa 2 pela empreiteira Odebrecht. O documento com o conteúdo do depoimento prestado pelo marqueteiro foi tornado público pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, responsável pela Lava Jato.

Segundo o depoimento, havia uma dívida do PT com Santana em cerca de R$ 10 milhões. O assunto foi levado por Mônica Moura a João Vaccari Neto, então tesoureiro do partido, que conseguiu quitar parte do débito por meio dos empresários Eike Batista e Zwi Skornicki, que confessou ao MPF ter pago 4,5 milhões de dólares à João Santana, como caixa 2 da campanha de Dilma.

Em 2014, o pagamento dos débitos ainda não tinha sido saudado. Em uma das reuniões periódicas que mantinha com Dilma, no Palácio do Alvorada, foi dito pela então Presidente da República a Santana que ele não precisaria se preocupar com os pagamentos das dívidas passadas e os pagamentos referentes à campanha de reeleição. Na ocasião, a petista, segundo a delação, confirmou que os assuntos passariam a ser tratados por Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda. "Fique tranquilo que tudo será resolvido, rapidamente, em relação a esta dívida, E o que estamos planejando vai permitir, inclusive, pagarmos uma parte antecipada da campanha deste ano", teria dito Dilma.

Por volta de outubro ou novembro de 2014, com o avanço das investigações da Lava Jato, Dilma teria mencionado a João Santana que Marcelo Odebrecht estava lhe mandando recados de que teria financiado suas campanhas mediante pagamentos para João Santana no exterior, por meio da Shellbill. Os recados foram passados, segundo a delação, para que Dilma buscasse frear a Operação Lava Jato.

A então presidente perguntou ao marqueteiro se tais recebimentos foram feitos de "forma segura", ao que João Santana disse que sim, afirmando que tais contas não estavam em seu nome. O que confirmaria a ciência de Dilma sobre pagamentos ilegais.

Lula

Sobre Lula, Santana informou no depoimento, que tratava de pagamentos via caixa 2 desde 2008. O intermediário dos pagamentos nesse caso era o então ministro Antonio Palocci, apelidado de "italiano". Os pagamentos via caixa dois, nesse ano, foram feito pela Odebrecht. O patriarca da empreiteira, Emílio Odebrecht, teria acertado tudo com Palocci, conforme o depoimento.

No final daquele ano, no final da campanha presidencial de Mauricio Funes, em El Salvador, faltou verba para comprar espaço publicitário nas tvs locais. Como o pedido para que João Santana realizasse a campanha havia sido feito por Lula, o que fez com que o marqueteiro voltasse ao Brasil e comunicasse o problema diretamente ao petista. Lula então teria dado o telefone de Emílio Odebrecht, pedindo que João ligasse em seu nome, assegurando que o patriarca da Odebrecht iria resolver o problema.

Defesa

Em nota, a assessoria de Dilma lamentou que o vazamento dos depoimentos de Mônica e Moura e João Santana tenham sido liberados somente nesta quinta-feira (11), visto que a defesa já havia solicitado a quebra do sigilo. A nota ainda alega que os marqueteiros prestaram "falso testemunho" e "faltaram com a verdade".

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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