delação premiada

Aécio e empresários pressionaram governo para substituir diretor da PF

Em conversa gravada por Joesley Batista, o senador Aécio Neves afirmou que pressionou o Michel Temer para que fossem feitas mudanças na Polícia Federal

Da editoria de Política
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Publicado em 30/05/2017 às 10:02
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Em conversa gravada por Joesley Batista, o senador Aécio Neves afirmou que pressionou o Michel Temer para que fossem feitas mudanças na Polícia Federal - FOTO: Foto: AGPT
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Em conversa gravada por Joesley Batista no dia 24 de março no Hotel Unique, o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou ao delator que, juntamente com outros empresários, pressionou o presidente Michel Temer (PMDB) para serem feitas mudanças no quadro da Polícia Federal, incluindo a substituição do diretor-geral, Leandro Daiello. As informações são do jornal Folha de S. Paulo. O áudio da conversa foi anexado a delação premiada firmada entre o grupo J&f com a Procuradoria Geral da República (PGR).

Aécio Neves afirmou a Joesley que o governo deveria aproveitar a crise gerada pela Operação Carne Fraca para a troca e o empresário concordou que seria uma boa chance.  "Não vai ter outra. Porque nós nunca tivemos uma chance onde a PF ficou por baixo, né?", disse Joesley. "Aí vai ter quem vai falar, 'é por causa da Lava Jato'. O governo pode responder 'Não, é por causa da Carne Fraca'", disse Aécio. "Tem que tirar esse cara", disse Joesley. "Tem que tirar esse cara", repetiu Aécio.

O diretor Leandro Daiello não foi citado diretamente, mas de forma cifrada na conversa entre o senador e o empresário. Segundo Aécio, o diretor já estava preparado para sair. Ele afirma também que seria um bom momento para o governo “fazer um ‘mea culpa’ para dar pelo menos mais um instrumento pros negociadores novos, pros embaixadores, pros diplomatas novos, o cara da Polícia Federal chegar e cair, né”. Depois da conclusão do processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff em 2016, circularam rumores de que Daiello pretendia deixar a direção-geral da PF, que ocupa desde o ano de 2011.

Na conversa, Aécio fez ainda críticas à nomeação de Osmar Serraglio para o Ministério da Justiça. "Não dá nenhum alô", sugerindo que ele não tentava interferir na Lava Jato. A decisão de Temer foi tomada em fevereiro como forma de contemplar a demanda da bancada dos peemedebistas na Câmara por mais espaço. Serraglio foi substituído neste domingo (28) por Torquato Jardim.

Jantar

Aécio contou a Joesley que outros empresários estavam "pressionando" Michel Temer a tomar medidas contra a PF. Ele disse ter participado de um jantar com o presidente Temer, o presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, e uma pessoa citada apenas como Pedro. "Todos pressionando combinando com a gente”.

"Pressionaram. A polícia tem que fazer um gesto. Errou. Não adianta os caras ficarem falando que não, a Polícia Federal tem que falar: 'Ó, realmente foi um erro do delegado que, enfim, não dimensionou a porra. Era um negócio pontual. Em três lugares. Já está contido e tal'. O laudo, pãpãpã, e zarpar com esse cara", disse Áecio Neves

O encontro narrado pelo senador, entre Temer e banqueiros, ocorreu no dia 23 de março, na noite anterior ao diálogo, na casa do empresário Carlos Jereissati. O senador confirmou ter viajado com Temer para São Paulo. O Palácio do Planalto também confirmou que Temer deu carona à Aécio neste dia. 

O governo, porém, não informou qual o assunto tratado no encontro. A assessoria do senador disse que ele "teve um longo despacho sobre a pauta de reformas". Segundo o Banco Bradesco, o presidente Luiz Trabuco esteve com Aécio no dia 24, junto com o presidente do Banco do Brasil, Paulo Caffareli, para tratar da mudança na presidência da Vale.

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