Ao tentar se defender da denúncia apresentada por Rodrigo Janot nessa segunda-feira (26), o presidente Michel Temer, em "esclarecimento" feito nesta terça-feira (27), atacou o Ministério Público e utilizou o episódio referente ao ex-procurador Marcelo Miller para justificar os cenários de "ilação" que membros do órgão poderiam ser enquadrados. No entanto, a pronta-resposta do peemedebista já foi desqualificada pelo MPF em maio deste ano, quando foi assegurado que Miller "não participou das negociações do acordo de colaboração premiada dos executivos do grupo J&F", responsável pela JBS.
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O presidente alegou, que assim como Janot o acusou, por meio de ilação, de crimes cometidos por políticos e pessoas próximas, o MPF também poderia ser alvo da "nova categoria criada no Código Penal" por conta da saída de Miller para atuar no fechamento de acordo de delações premiadas.
"O sonho de todo acadêmico de direito é prestar concurso para ser procurador. Esse senhor (Marcelo) deixa o emprego, abandona o Ministério Público para trabalhar na empresa que fechou delação com o procurador (Janot)". Ainda segundo Temer, Miller não cumpriu a quarentena necessária para um membro do MP deixar o órgão e trabalhar em uma empresa. "Ele ganhou milhões em poucos meses, o que talvez levaria décadas", disparou.
MPF
Apesar de ter atuado nos acordos do senador cassado Delcídio Amaral, do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado e da Odebrecht, Miller não atuou no fechamento das delações premiadas do grupo J&F, que implicam Temer. Por conta de denúncias veiculadas ainda em maio, o Ministério Público já havia emitido nota esclarecendo que: "acerca de notícias veiculadas pela imprensa na manhã deste sábado, 20 de maio, a Procuradoria-Geral da República esclarece que o ex-procurador da República e hoje advogado Marcelo Miller não participou das negociações do acordo de colaboração premiada dos executivos do grupo J&F".