São Bernardo do Campo

Em discurso, Lula confirma que vai se entregar à PF

Numa fala que durou quase uma hora, Lula fez acusações à imprensa, ao judiciário e ao Ministério Público e afirmou que quer transferir suas ideias para as novas gerações

JC Online
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Publicado em 07/04/2018 às 13:30
AFP
Numa fala que durou quase uma hora, Lula fez acusações à imprensa, ao judiciário e ao Ministério Público e afirmou que quer transferir suas ideias para as novas gerações - FOTO: AFP
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Num discurso de 55 minutos em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), neste sábado (7), o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva confirmou que vai se entregar à Polícia Federal para o início do cumprimento da pena de 12 anos e um mês de prisão imposta pela Justiça. Ao mesmo tempo, deixou claro que pretende, em suas próprias palavras, "transferir responsabilidades". A expressão ganha força quando se nota que Lula iniciou e terminou a fala citando a deputada estadual Manuela D´Avila (PC do B) e o coordenador do MTST, Guilherme Boulos. Os dois são as duas principais lideranças jovens da esquerda e são pré-candidatos à presidência.

O discurso de Lula também foi marcado por acusações à Imprensa, ao Judiciário e ao Ministério Público. "Tenho mais de 70 horas de Jornal Nacional me triturando, capas de revista, capas de jornais, a Record, Bandeirantes, as rádios do interior. O que eles não se dão conta é que quanto mais me atacam, mais cresce minha relação com o povo brasileiro", afirmou. Em outro momento, o ex-presidente falou que os meios de comunicação terão orgasmos múltiplos com sua prisão. "Imagina o tesão da Veja colocando uma capa comigo preso. Imagina o tesão da Globo. Vão ter orgasmos múltiplos". 

"Nenhum deles tem coragem ou dorme com a consciência tranquila da honestidade e da inocência. Não estou acima da Justiça. Acredito na Justiça justa, que vota o processo baseada nos autos do processo, na prova concreta. O que eu não posso admitir é um procurador que fez um Power Point e foi dizer que o PT era uma organização criminosa que nasceu para roubar o Brasil e que o Lula era o chefe. Ele que guarde as convicções para os comparsas dele, para os asseclas dele, não para mim", referindo-se ao procurador-chefe da força tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol.

Moro e morte de Marisa

O ex-presidente também se referiu ao juiz Sérgio Moro e afirmou que ele só o condenou por pressão da mídia. "Eu disse ao Moro: "você não tem condições de me absolver porque a Globo está exigindo que você me condene, e você vai me condenar". O TRF4, Moro, Lava Jato e Globo têm um sonho de consumo. O golpe só vai ser concluído quando o Lula não puder ser candidato".

Ele falou sobre a morte da esposa, que faria aniversário neste sábado (7). "Talvez viva o momento de maior indignação que um ser humano vive. Não é fácil o que sofre a minha família. A antecipação da morte de Marisa foi a sacanagem e a safadeza que a Imprensa e o Ministério Público fizeram com ela", declarou.

Ideia

Ao afirmar que iria se entregar, Lula disse que não era mais um ser humano e sim uma ideia. "Vou atender o mandado deles. E quero fazer transferência de responsabilidade. Não adianta acabar com as minhas ideias, eu sonharei pela cabeça de vocês. O meu coração baterá pelo coração de vocês, eu não sou mais um ser humano, eu sou uma ideia", afirmou. Vocês vão ter que se transformar, todos vocês vão virar Lula e vão andar por esse país, e é todo dia. A morte de um combatente não para a revolução", afirmou. 

Inocência

Próximo ao fim do discurso, Lula disse que não tem medo e que irá provar sua inocência. "Da minha vontade eu não iria, mas eu vou. Não tô escondido, vou nas barbas deles para saberem que eu não tenho medo, que não vou correr e vou provar minha inocência".

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