Polêmica

PT diz que diretor-geral da PF admitiu 'abuso de poder contra Lula'

"Verdadeiro retrato do sistema podre a que estamos submetidos", disse o partido em resposta às declarações de Rogério Galloro sobre os bastidores da prisão de Lula

JC Online
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Publicado em 13/08/2018 às 9:11
Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação
"Verdadeiro retrato do sistema podre a que estamos submetidos", disse o partido em resposta às declarações de Rogério Galloro sobre os bastidores da prisão de Lula - FOTO: Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação
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Para o PT, a entrevista do diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro, na qual revela bastidores do dia da prisão de Lula, "expõe as entranhas do abuso de autoridade, da violência jurídica, da desfaçatez de quem tem de observar leis e regras e age por conveniência política" e "é um verdadeiro retrato do sistema podre a que estamos submetidos".

No último domingo (13), o jornal O Estado de S. Paulo publicou a entrevista com o diretor-geral na qual ele fala na grande pressão no dia da prisão de Lula e diz que o ex-presidente está na superintendência da PF em Curitiba "de favor, de visita", a pedido do juiz Sérgio Moro. "Isso não nos agrada" disse Galloro, classificando a situação como sendo uma exceção.

Ainda na entrevista, o diretor-geral cita que, no dia 8 de julho, quando o desembargador Rogério Favreto, do TRF-4, mandou soltar Lula, Galloro recebeu uma orientação por telefone do presidente do TRF-4, Thompson Flores, para desobedecer a decisão judicial.

Em nota, assinada por Gleisi Hoffmann, Lindbergh Farias e Paulo Pimenta, o Partido dos Trabalhadores fala em "escandalosa desfaçatez de agentes do Judiciário de da Polícia Federal, ao expor em público sua conduta ilegal e as razões políticas que os moveram".

Confira a nota do PT na íntegra: 

A entrevista do diretor-geral da PF, Rogério Galloro, ao Estado de S. Paulo expõe as entranhas do abuso de autoridade, da violência jurídica, da desfaçatez de quem tem de observar leis e regras e age por conveniência política. É um verdadeiro retrato do sistema podre a que estamos submetidos.

O delegado revela que sofreu e aceitou pressões de Sérgio Moro, um alerta da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, e uma ordem verbal do presidente doTRF-4, Thompson Flores, para desobedecer a decisão judicial de soltar Lula naquele domingo, 8 de julho.

Soma-se a esse festival de parcialidade, ilegalidade e perseguição uma nota na revista Veja que narra confissão do desembargador Gebran Neto a amigos, dizendo ter agido “fora da lei” para “evitar o mal maior que seria soltar Lula”. 

A ilegalidade da prisão de Lula e da revogação do habeas corpus concedido a ele naquele domingo já haviam sido denunciadas pela comunidade jurídica. Mas é ainda mais escandalosa a desfaçatez de agentes do Judiciário e da Polícia Federal, ao expor em público sua conduta ilegal e as razões políticas que os moveram.

E não é menos escandaloso que a imprensa revele tudo isso sem acrescentar uma nota de crítica, como se fossem fatos naturais, endossando na prática a brutal perseguição ao maior líder político do país.

Foi a essa situação de barbárie que o Brasil foi levado pelo golpe do impeachment sem crime e pelo empoderamento irresponsável de delegados, procuradores e juízes fora da lei. Tudo feito com o objetivo de derrubar o governo eleito democraticamente e de tentar impedir, pela força e por medidas de exceção, a eleição de Lula em 7 de outubro.

O Partido dos Trabalhadores, em sintonia com a sociedade civil e as forças democráticas do País, exige que o Conselho Nacional de Justiça, o Ministério da Justiça e o Senado da República, responsável pela aprovação de Dodge no cargo, se pronunciem vigorosamente sobre as violações cometidas – e confessadas publicamente – por agentes do estado que deveriam defender a lei e fizeram o oposto.

O Brasil não pode mais conviver com a exceção, a ilegalidade e a injustiça. Não vamos aceitar passivamente a perseguição política e injusta ao presidente Lula, que envergonha o país aos olhos da comunidade internacional. Vamos exigir de todas as formas que seja respeitado o direito do povo votar em quem melhor o representa.

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