Dezenas de milhares de mulheres participaram nesta quarta-feira (14) em Brasília da tradicional "Marcha das Margaridas", que este ano se transformou em um ato contra o presidente Jair Bolsonaro e a favor da libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A "Marcha das Margaridas" é realizada a cada quatro anos com uma agenda de defesa do campo e de reivindicação dos direitos das mulheres.
Este ano, se transformou em um grito de denúncia contra o governo por suas políticas de flexibilização de agrotóxicos e pelos projetos de Bolsonaro de abrir terras indígenas ou zonas protegidas para a exploração mineira.
Muitas indígenas que haviam participado na terça-feira em uma manifestação para denunciar a agenda de Bolsonaro em suas terras se uniram à marcha das camponesas.
A multidão percorreu a Esplanada dos Ministérios até as proximidades do Palácio do Planalto, com cartazes em defesa da "soberania popular" e por um Brasil "livre de violência" e gritando "Lula livre".
A maioria das participantes carregava flores e usava chapéus de palha e roupas roxas, a cor que é símbolo da manifestação.
Em seus discursos, qualificaram Bolsonaro de "misógino, racista e homofóbico".
"Vivemos tempos difíceis com um governo que nos ataca continuamente (...). Estamos perdendo direitos conquistados com muita luta", disse à AFP Juliana Joucoski, uma professora de 43 anos de Curitiba .
"As mulheres estão no foco de toda a violência no Brasil", afirmou Fabiana Nascimento, que foi à concentração com margaridas de papel nas mãos.
"Precisamos dizer não a toda política de desmonte dos direitos públicos. A situação no campo piorou (...). Nunca tivemos um presidente que desrespeitou tanto a educação", acrescentou.
Mariana Lima, de 46 anos, funcionária pública em São Luís do Maranhão, disse que as políticas na área de saúde do presidente Bolsonaro desamparam as comunidades mais pobres, rurais e indígenas. "Temos que protestar para garantir nossos direitos não só como mulheres, mas como cidadãos", acrescentou.
É o terceiro protesto em Brasília em dois dias. Além das margaridas e das indígenas, na terça houve uma manifestação contra os bloqueios orçamentários na educação e a reforma da previdência.