Igor Maciel, da coluna Pinga Fogo*
Em 2018, após a reeleição, a preocupação de Paulo Câmara (PSB) era pagar o 13° salário dos servidores. Ele conseguiu. A deputada estadual Priscila Krause (DEM) chegou a questionar e chamou a solução de “manobra fiscal”. O governo teria feito uma antecipação de receitas que só entrariam no orçamento de 2020. Na prática, Priscila diz que o Estado vendeu, ao preço de 2015, a gestão da folha a um banco, para poder pagar as contas de 2018.
O problema de contar com dinheiro do futuro para contas do presente é que depois o pote fica vazio. A gestão da folha já foi negociada até 2022. Agora a alternativa para pagar os salários de novembro, dezembro e o 13º dos servidores em 2019 foi dar desconto de até 70% para quem está com IPVA atrasado, além de abrir mão de quase um terço de uma dívida que a Petrobras teria que pagar a PE, contanto que a empresa pague até o dia 20 de dezembro, mesmo limite para o 13º.
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É louvável que o governo esteja empenhado em manter salários em dia. Mas preocupa que seja preciso abrir mão de valores altos pra fazer o básico que é arcar com a folha salarial. Porque se, todo mês, você precisa vender algo de casa pra comprar comida, um dia vai ficar sem a casa e com fome.
*Igor Maciel é titular da coluna Pinga Fogo, no Jornal do Commercio