ENTREVISTA

Temer diz que votou em Jair Bolsonaro e que governo vai bem por dar sequência ao dele

O emedebista também disse que o ex-presidente Lula (PT) deveria ter buscado a pacificação ao sair da cadeia e não a polarização

JC Online
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Publicado em 02/01/2020 às 10:32
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O emedebista também disse que o ex-presidente Lula (PT) deveria ter buscado a pacificação ao sair da cadeia e não a polarização - FOTO: Foto: Alan Santos/PR
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O ex-presidente Michel Temer (MDB) voltou a afirmar que o governo de Jair Bolsonaro vai bem por estar dando continuidade ao seu mandato à frente do Poder Executivo. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o emedebista disse ainda que votou em Bolsonaro, mas discorda de bandeiras do sucessor, como o excludente de ilicitude.

Afastado das articulações políticas, oito meses depois de ser preso, Temer se dedica a fazer palestras e a escrever um romance de ficção inspirado em sua própria história. Recentemente, o ex-presidente apareceu em um vídeo sendo entrevistado por seu filho Michelzinho.

Ao jornal paulista, Temer também voltou a criticar o ex-presidente Lula (PT) e disse que o petista deveria ter buscado a pacificação ao sair da cadeia e não a polarização. Membro de um partido considerado fisiologista, Michel descarta a “rotulação” dos políticos entre direita, esquerda e centro. “Essa coisa de esquerda e direita ninguém dá mais importância. Mesmo o centro”, disse ele.

Veja os principais trechos da entrevista:

Como o senhor avalia o primeiro ano do governo Jair Bolsonaro?

O governo vai indo bem porque está dando sequência ao que fiz. Peguei uma estrada esburacada. O PIB estava negativo 4%. Um ano e sete meses depois o PIB estava positivo 1.1%, além da queda da inflação e da recuperação das estatais. Entreguei uma estrada asfaltada. O governo Bolsonaro, diferente do que é comum em outros governos que invalidam anterior, deu sequência. Bolsonaro está dando sequência ao que eu fiz.

O anti-esquerdismo do presidente serve para manter a base?

Talvez seja um discurso dirigido para sua base. Eu sou contra qualquer tipo de rotulação. Essa coisa de esquerda e direita ninguém dá mais importância. Mesmo o centro. As pessoas querem resultado. Tem um livro do Norberto Bobbio chamado “Esquerda, direita. Direita, esquerda”. Ele mostra cientificamente que muitas vezes a direita usa teses da esquerda e vice versa.

O senhor votou no Bolsonaro?

Acabei votando nele (no segundo turno) por uma razão. Eu recebia muitas críticas indevidas da outra candidatura (Fernando Haddad). Votei em quem não falou mal do meu governo.

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O senhor defende o projeto do excludente de ilicitude?

Eu não sou a favor. No autoritarismo se dizia que o medo não era do ministro, mas do guarda da esquina. O excludente de ilicitude pode entusiasmar uma espécie de ação policial. Isso passa por uma área de subjetividade muito grande. E a subjetividade é a negação da segurança jurídica.

O que pensa sobre prisão após condenação em 2° instância?

O Supremo decidiu corretamente do ponto de vista jurídico. Hoje há muito populismo nas questões de natureza jurídica. Nesse episódio da 2° instância a Constituição diz muito claramente que só será considerado culpado aquele que tiver a sentença condenatória transitada em julgado.

Como o senhor viu a soltura do ex-presidente Lula?

Como eu prego muito a pacificação, imaginei que a sabedoria política determinaria que ele dedicasse os 580 dias na prisão à unidade do País. Ele ganharia politicamente. O Brasil também ganharia. Mas ele radicalizou. Achei que isso foi equivocado institucionalmente.

A polarização interessa tanto ao Bolsonaro quanto ao Lula?

Ouso dizer que sim. Se Lula radicaliza de um lado, dá chance ao Bolsonaro ficar na posição inversa. Talvez eles tenham isso em mente.

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