NOVA PASTA

Chance de tirar de Moro Ministério da Segurança Pública 'no momento é zero', diz Bolsonaro

Atualmente, a segurança está ligada ao Ministério da Justiça, comandado pelo ex-juiz federal

Marcelo Aprígio
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Marcelo Aprígio
Publicado em 24/01/2020 às 8:22
Foto: Carolina Antunes/PR
Atualmente, a segurança está ligada ao Ministério da Justiça, comandado pelo ex-juiz federal - FOTO: Foto: Carolina Antunes/PR
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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, na manhã desta sexta-feira (24), ao chegar em Nova Déli, capital da Índia, onde cumpre agenda oficial, que a chance de recriar o Ministério da Segurança Pública, retirando área da pasta comandada por Sergio Moro, no momento é zero. Bolsonaro, porém, ressaltou que, em política, 'tudo muda'.

"A chance no momento é zero. Tá bom ou não? Tá bom, né? Não sei amanhã, política tudo muda. Não há essa intenção de dividir', falou Bolsonaro. "Os números indicam que está indo no caminho certo, e a minha máxima é, em time que está ganhando não se mexe”, completou.

O presidente negou ainda a existência de atritos com seus ministros. "Não existe qualquer atrito entre eu e o Moro, entre eu e o Guedes, eu e qualquer outro ministro", disse. "O governo está unido, sem problemas".

A fala desta sexta, representa um recuo de Bolsonaro que havia dito na quinta (23) que seu governo estudava recriar a pasta, mesmo contra a vontade de Moro. "É comum (o governo) receber demanda de toda a sociedade. E ontem (quarta-feira) os secretários estaduais da segurança pública pediram para mim a possibilidade de recriar o Ministério da Segurança. Isso é estudado. É estudado com o Moro... Lógico que o Moro deve ser contra, mas é estudado com os demais ministros", disse Bolsonaro na saída do Palácio da Alvorada, antes de embarcar para a Índia.

O presidente deixou claro que, caso decida recriar o ministério, Moro seguirá no comando da Justiça. Segundo ele, o convite para o ex-juiz federal integrar o governo, em 2018, foi feito antes de se pensar na ideia de formar um "superministério" para ele - composto por Justiça e Segurança Pública.

"Se for criado, aí o Moro fica na Justiça. É o que era inicialmente. Tanto é que, quando ele foi convidado, não existia ainda essa modulação de fundir (a Justiça) com o Ministério da Segurança."

Pedido de secretários

O debate sobre a recriação do ministério surgiu após pedido feito por secretários estaduais da segurança, incluindo o de Pernambuco, Antônio de Pádua, em reunião com o chefe do Poder Executivo Federal, na quinta-feira (22). A medida, se concretizada pelo presidente Bolsonaro, teria como consequência a diminuição dos poderes do atual ministro da pasta, Sergio Moro.

A opção de destacar a demanda mais polêmica chamou atenção dos próprios secretários, que viram na iniciativa um endosso de Bolsonaro à proposta. "O presidente anotou, disse que ia avaliar e no momento oportuno nos daria uma resposta sobre todos os pontos da pauta. O assunto principal não foi o ministério, foi a questão de recursos", disse o secretário de Segurança Pública da Bahia, Maurício Teles Barbosa, presidente do Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública (Consesp).

Nessa quinta-feira (23), o ministro da Cidadania, Osmar Terra (MDB-RS), defendeu  em entrevista à Rádio Jornal, que a Segurança Pública não saia do Ministério da Justiça. "Hoje, na estrutura que o Ministério da Justiça tem, consegue dar uma resposta adequada", afirmou. "Acredito que o problema não é ter uma estrutura específica", completou.

Osmar Terra elogiou Sergio Moro e o antecessor dele, o pernambucano Raul Jungmann, que assumiu a pasta de Segurança Pública criada no governo Michel Temer (MDB). Os dois entraram em atritos pelas redes sociais nos últimos dias, depois que Jungmann cobrou o crédito pela redução da criminalidade aos estados.

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