Igor Maciel: As boas intenções que povoam o inferno

O mérito da causa sempre será adequado à consequência resultante, nunca à iniciativa tomada. É uma frase mais rebuscada para o popular "de boas intenções o inferno está cheio". São formas diferentes de dizer a mesma coisa para pessoas diferentes. A primeira maneira pode, por exemplo, ser utilizada para que governadores expliquem ao Presidente da República que não dá pra abrir mão do ICMS dos combustíveis, como ele sugeriu, porque as gestões estaduais brasileiras estão divididas em três grupos atualmente: as quase quebradas, as quebradas e as muito quebradas.

Na prática, ao abrir mão do ICMS nos combustíveis, sustentar a saúde e a educação em alguns locais seria impossível. A outra forma, mais popular, seria a resposta de Bolsonaro aos governadores que escrevem uma carta dizendo que não abrem mão do ICMS, mas querem uma reforma Tributária justa e etc.

Bolsonaro diz que zera impostos se governadores acabarem com ICMS

O Governo Federal só conseguiu aprovar a reforma da Previdência, que era ainda mais urgente, por causa da atuação de Rodrigo Maia (DEM). Governadores raspavam os cofres buscando trocados para pagar as contas com uma mão, enquanto reclamavam da reforma que poderia salvá-los com a outra.

E a prática?

Boas intenções não pagam contas e a atuação dos governadores será essencial para aprovar uma reforma complexa num ano eleitoral em que as bancadas estarão ainda mais preocupadas em arranjar votos do que em resolver os problemas do País. Estarão todos dispostos a trabalhar por isso com sinceridade?