Sem apoio

Igor Maciel: Por fanfarrice, Bolsonaro perdeu apoio de 11 governadores

Carta assinada por 20 gestores estaduais contra o presidente, inclusive os que não são de esquerda, evidencia um Bolsonaro cada vez mais isolado no cenário nacional

Igor Maciel
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Publicado em 18/02/2020 às 8:46
Foto: Agência Brasil
A avaliação no Palácio do Planalto é que a prisão do ex-assessor parlamentar em um endereço ligado ao advogado do presidente colocou o caso da "rachadinha" dentro do Palácio do Planalto. - FOTO: Foto: Agência Brasil
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O ano de 2020 mal começou, o carnaval nem chegou e Bolsonaro já brigou com 20 dos 27 governadores, mesmo sabendo que precisa aprovar duas reformas importantes e vai necessitar do apoio deles. Começou com um desafio infantil de “quem corta mais imposto”, quando todo mundo sabe que nem os governadores, nem ele mesmo, poderiam abrir mão do que recebem a partir do combustível.

A verdade é que se os governadores abrissem mão do ICMS na gasolina quebrariam e se Bolsonaro abrisse mão dos impostos federais, faltaria dinheiro pra manter a máquina. A fanfarrice bolsonarista serviu apenas para jogar a população contra os gestores estaduais. Depois, o discurso recente que ocasionou a carta dos governadores, no qual o Presidente acusa o governador da Bahia de manter “fortíssimos laços com bandidos” terminou sendo apenas a gota de água que fez esborrar o pote.

A matemática é simples. Bolsonaro se elegeu com apoio de 15 governadores. Logo em seguida, conquistou a aproximação de outros três e chegou a 18. Tinha a oposição apenas dos nove que governam no Nordeste e são ligados à esquerda. Essa oposição mais que duplicou e agora se apresenta numa carta, crítica, com 20 assinaturas que vão da esquerda à centro-direita. Na prática, a oposição de nove cresceu para 20. O presidente perdeu apoio de 11 governadores em um ano.

Dos 18 no início do governo, apenas sete ainda apoiam o Presidente. Bolsonaro pode ser visto como aquele sujeito que anda com um amigo de lado e ataca todo mundo de forma grosseira pra fazer o amigo, de gosto duvidoso, dar risada. O amigo de Bolsonaro é a bolha dele na rede social. Ele é capaz de agredir mil pra ter a amizade de um. Esse comportamento num Presidente da República é preocupante.

Reformas

O Brasil precisa aprovar duas reformas e uma delas diz respeito aos Estados, diretamente. Sem o apoio dos governadores, aprovar a reforma Tributária será impossível. Bolsonaro reclama que virou a "Rainha da Inglaterra", que Rodrigo Maia (DEM) governa mais que ele, que um parlamentarismo branco foi implantado pelo Legislativo. Mas, trabalha com avidez para garantir que continue assim. Quanto menos responsabilidade melhor.

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