A crise no Ceará envolveu desobediência de quem deveria obedecer, insanidade de quem deveria dialogar, truculência de quem deveria proteger e covardia de quem deveria agir. Desse ponto de vista, apesar de o motim dos policiais estar resolvido, o problema continua porque os agentes militares, jurídicos e políticos da trama continuam em atividade. Pior ainda, comemorando.
A novela envolveu militares fazendo greve, proibida pela Justiça. A Justiça se pronunciou, decretou que a greve era ilegal e que os trabalhadores deveriam retornar aos postos. Eles não obedeceram e ainda foram para as ruas aterrorizar a mesma população que deveriam proteger. Um ex-governador do Estado entra em cena. Quando se esperava o diálogo e a ponderação de um homem público, senador da República, Cid Gomes resolve operar uma retroescavadeira. Os amotinados, respondem com tiros e quase o matam.
Ato seguinte, Sérgio Moro, ex-juiz e atual ministro da Justiça, que deveria guardar as leis, relativiza elas, as leis, para defender os policiais, atendendo ao que foi determinado pelo patrão Jair Bolsonaro, e não pela Constituição. Negando, inclusive, o STF para o qual ele ainda sonha em ir.
Péssima qualidade
A crise do Ceará pode até estar resolvida do ponto de vista da violência e do motim. A falência de material humano para a política e para a administração pública no Brasil é que parece ser um poço sem fundo.
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