Opinião

Cláudio Humberto: cartórios viraram inimigos da modernização no Brasil

Estabelecimentos não abrem mão do papel, carimbo e reconhecimento de firma

JC
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Publicado em 04/03/2020 às 7:10 | Atualizado em 12/03/2020 às 15:55
MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL
Cartório liquidam qualquer iniciativa que afete faturamento do setor - FOTO: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

Os cartórios viraram os principais inimigos da modernização do Brasil, impedindo a adoção soluções inteiramente digitais, como na Estônia, país que virou referência em todo o mundo. As tecnologias existem, são baratas, estão disponíveis, mas no Brasil o bilionário lobby dos cartórios liquidam, no governo e no Congresso, qualquer iniciativa que ameace o faturamento do setor, que totalizou R$ 16 bilhões em 2019. O Distrito Federal está pronto para ficar ainda mais digital que a Estônia, mas os cartórios se recusam a apoiar as iniciativas. Cartórios não abrem mão de papel, carimbo, reconhecimento de firma, autenticação, escrituras etc, que são a base do faturamento bilionário. O DF, como na Estônia, pode oferecer pela internet 99% dos serviços públicos, incluindo obtenção de documentos e declaração de impostos. “Certificado online”, na Estônia, é assinatura digital, que o cidadão usa para votar, fazer transações bancárias, acessar histórico de saúde etc.

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Apoio ao veto teve razões diferentes

Teve várias motivações o apoio ao veto do presidente Jair Bolsonaro à “emenda do relator”, conferindo poder a um deputado para liberar R$ 30 bilhões em emendas. De um lado, políticos como o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) estão preocupados com a Constituição, que determina o regime presidencialista e não o parlamentarista. De outro, tipos como Renan Calheiros (MDB), preocupados em não fortalecer adversários locais, em seus Estados, membros do chamado “centrão”.

Meu pirão 1º

A derrubada do veto começou a ser ameaçada quando alguém lembrou que os adversários do relator poderiam ser prejudicados na partilha.

Razões

Alegando razões institucionais, bancadas como a do PSDB no Senado fecharam questão em favor do veto do presidente.

Assombração

Em Alagoas, o deputado Arthur Lira (PP-AL), virou assombração para o clã dos Calheiros por ser o líder do centrão, dono da caneta do relator.

Só pensa naquilo

O senador Davi Alcolumbre usou um velho truque na política, vazando a lorota de que foi ao Planalto dizer poucas e boas ao presidente. Bem mais credível é o que se diz no Congresso: ele foi a Bolsonaro pedir ainda mais cargos. Ninguém os tem mais que o presidente do Senado.

O sem-pressão

O governo atribui ao presidente da Câmara a suposta “pressão” de políticos para que Bolsonaro desautorize o general Augusto Heleno. Não apareceu ninguém com essa ousadia, no 3º andar do Planalto.

Carapuça

É divertido ver políticos aceitando a carapuça de chantagistas, após o general Augusto Heleno desabafar com o colega Paulo Guedes, em conversa privada, contra parlamentares “chantagistas insaciáveis”.

Chinelada

A residência da Câmara esteve agitada ontem. Calçando chinelos, Rodrigo Maia recebeu Alexandre Frota (PSDB-SP) e até Paulinho da Força (SDD-SP), acusado de receber propina usando até prostíbulo.

*Cláudio Humberto assina coluna diária no Jornal do Commercio

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