Entrevista/João Capiberibe

''É preciso ter controle dos gastos''

Senador afirma que a fiscalização dos cofres públicos só será efetiva quando a população se apoderar das informações sobre gastos

Gabriela López
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Gabriela López
Publicado em 05/05/2013 às 7:05
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Autor da Lei Complementar 131/2009, a Lei da Transparência - que obriga órgãos públicos a divulgar seus gastos na internet -, o senador João Capiberibe (PSB-AP) defende que a fiscalização dos cofres públicos só será efetiva quando a população se apoderar destas informações. Nesta entrevista por telefone ao JC, ele avalia também que o governo federal precisa estabelecer punição para quem descumprir a Lei. Dez anos após a sua apresentação no Congresso Nacional, a lei passa a valer de forma plena próximo dia 27.

JORNAL DO COMMERCIO - Após dez anos, a Lei da Transparência passará a vigorá efetivamente. O que muda?
JOÃO CAPIBERIBE
- Eu considero que a lei foi um fato inusitado, porque era inimaginável que, em um País onde o poder público era muito fechado, de um dia para a noite fosse obrigatório prestar contas detalhadas. A lei é intimidatória para a corrupção.

JC - Quais aperfeiçoamentos ainda podem ser feitos?
CAPIBERIBE
- Faltou uma padronização da exposição destas informações na internet. Por exemplo, todos os sites deveriam ter uma janela "Transparência", chamando para o Portal. Também deveria ser definido um padrão mínimo de informações disponíveis. A lei exige que todos os portais sigam os padrões do governo federal, mas faltou especificar as informações essenciais.

JC - O que ainda falta para garantir a transparência dos gastos públicos?
CAPIBERIBE
- A consolidação da Lei e a construção de cultura da transparência, que vão durar cerca de 10, 15 anos. É preciso o controle social das informações e dos gastos públicos. A sociedade precisa se apoderar das informações e passar a monitorar de fato a execução orçamentária. Esta é uma luta mais longa. Também falta o governo definir como será o bloqueio para os entes que não cumprirem a lei. Eu acho que as prefeituras que não cumprirem deveriam ficar impedidas de receber transferências federais.

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