DOSSIÊ CARUARU

CGU: verba não foi usada em moradias

A análise do controle interno da CGU é taxativa ao afirmar que o dinheiro autorizado e pago pela Caixa não foi empenhado no objeto contratado, e nem foi devolvido aos cofres públicos

Bruna Serra e Débora Duque
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Bruna Serra e Débora Duque
Publicado em 12/08/2013 às 6:16
Clemilson Campos/JC Imagem
A análise do controle interno da CGU é taxativa ao afirmar que o dinheiro autorizado e pago pela Caixa não foi empenhado no objeto contratado, e nem foi devolvido aos cofres públicos - FOTO: Clemilson Campos/JC Imagem
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Durante toda a fiscalização realizada pela Controladoria Geral da União (CGU), a Prefeitura de Caruaru foi convidada a responder por cada uma das áreas onde foram identificados problemas na utilização das verbas públicas advindas de convênios federais. 

No caso específico da construção das 150 casas do loteamento Cedro, a prefeitura refutou a tese de que o dinheiro foi aplicado de maneira irregular.

“Os recursos estão regularmente aplicados. Saliente-se que os fatos narrados pela auditoria dizem respeito a eventos da gestão anterior, de modo que manteremos informados sobre a situação do convênio em apreço”, limitou-se a responder a assessoria da prefeitura, no inquérito da CGU. O prefeito anterior era Tony Gel (DEM), hoje deputado estadual, e que faz oposição ao atual prefeito, José Queiroz (PDT).

A análise do controle interno da CGU é taxativa ao afirmar que o dinheiro autorizado e pago pela Caixa não foi empenhado no objeto contratado, e nem foi devolvido aos cofres públicos. 

“A Prefeitura de Caruaru não esclarece a ausência de devolução dos recursos federais não utilizados e os utilizados em empreendimentos sem funcionalidade”, afirma a conclusão final do órgão de controle.

Enquanto isso, na rua Camocim de São Félix, no loteamento Demóstenes Veras, onde foi empenhada a verba proveniente do “Minha Casa, Minha Vida”, os oito filhos de Adão Afonso Fernandes, 45 anos, sofrem com micose, manchas na pele, fungos nas unhas, entre outros problemas.

“Eu morava no morro e não pagava nada. Me colocaram aqui, tenho um monte de despesas como IPTU, gás e água e moro na sujeira do mesmo jeito”, indignou-se Adão, que é gari. 

Ele explica que apesar da esposa ser beneficiada com o Bolsa Família, há meses não efetua pagamentos das contas de água e espera que o serviço seja cortado. “Um lugar desse era para ser bonito, era para ser digno. Porque para viver no meio do lixo eu continuaria no morro”, disparou Adão Fernandes.

Caso parecido acontece com o comércio do mesmo loteamento. O mercadinho Hayanna, na rua Belo Jardim, estava de portas fechadas na semana em que a reportagem do JC visitou o local. 

Uma melancólica placa de “vende-se” foi pendurada em frente ao algoz do comércio: um bueiro estourado, de onde jorram fezes e lixo. A casa ao lado, também está sendo repassada, disse a proprietária, que preferiu não se identificar.

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