Operação Ponto Final

Vereadores presos sem regalias em Caruaru

Diretor da penitenciária informou que não mudará regras. Cidade vive dia ''agitado'', com vereadores sendo convocados a depor

Wagner Gil
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Publicado em 21/12/2013 às 5:59
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Diretor da penitenciária informou que não mudará regras. Cidade vive dia ''agitado'', com vereadores sendo convocados a depor - FOTO: Wagner Gil
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Os dez vereadores deste município presos na Operação Ponto Final, da Polícia Civil, não terão, pelo menos por enquanto, direito a visitas de amigos e parentes, nem a qualquer tipo de regalia na Penitenciária Juiz Plácido de Souza. Em relação às visitas, as pessoas interessadas precisam, antes, ser cadastradas pela secretaria de Ressocialização.

“Quando esse trâmite for cumprido, as pessoas irão enfrentar a fila normalmente e irão fazer as visitas em horários que já são determinados para todos os presos”, informou ontem o diretor da penitenciária, Sérgio Paulo Siqueira.

Estão detidos os vereadores Silvando Oliveira (PP), Cecílio Pedro (PTB), Pastor Jadiel (PROS) e Val das Rendeiras (PROS) – todos da base aliada do prefeito José Queiroz (PDT) – e os oposicionistas Joseval Lima (DEM), José Evandro Silva (PMDB), Lourinaldo Morais (PS), Jaílson Soares (PPS), Eduardo Cantarelli (PMDB) e Neto (PMN). Eles são acusados de tentar extorquir o prefeito José Queiroz, que tentava aprovar alguns projetos, principalmente o da aquisição de um empréstimo de R$ 250 milhões para implantar o sistema de BRT na cidade.

Segundo a Polícia Civil, os dez vereadores tentaram pedir propina na ordem de R$ 2 milhões para aprovar o projeto.
Advogados de alguns dos presos – que pediram habeas corpus – informaram que aguardam para este final de semana uma decisão favorável aos seus clientes no Tribunal de Justiça.

A sexta-feira foi de muita movimentação na Delegacia Regional de Caruaru, com vereadores que não foram presos sendo convidados a prestar depoimento. Compareceram o presidente da Câmara, Leonardo Chaves (PSD), o presidente da Comissão de Ética, Ricardo Liberato (PSC), Lula Torres (PR) e Demóstenes Veras (PSD).

“É uma situação muito complicada que a Câmara de Vereadores e seus integrantes estão passando. Fui intimado e compareci”, disse Lula Torres, logo após o seu depoimento. Ele informou que autorizou a Polícia Civil a quebrar seu sigilo telefônico e bancário.

“Eles estão autorizados a quebrar meus sigilos. Não tenho nada a esconder. Não tenho nada com isso e nunca recebi propostas para votar contra ou a favor de qualquer projeto”, disse Torres, que exerce o sexto mandato consecutivo.

O presidente da Comissão de Ética, Ricardo Liberato, foi ouvido junto com o médico Demóstenes Veras. “Foi um depoimento tranquilo e esclarecedor. Explicamos tudo que está na mídia e que foi indagado pelos policiais”, disse.

Ele voltou a reafirmar que nenhum procedimento de cassação será aberto pela Comissão de Ética da Câmara, até que os trabalhos da Justiça sejam concluídos. “Tudo ainda está na fase de inquérito e não podemos abrir nenhum procedimento na Comissão de Ética. Esse é um momento muito delicado e no momento só temos que aguardar a conclusão do trabalho da polícia”, completou.

Também ontem, a Igreja Adventista do Sétimo Dia esclareceu que o vereador Jadiel José do Nascimento é membro da entidade religiosa, porém não é pastor credenciado da organização e, portanto, não representa oficialmente a igreja. Em nota, a entidade religiosa esclarece ainda que não autoriza nenhum pastor credenciado a ter cargos públicos, sejam políticos ou não.

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